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MÔNICA BERGAMO
Ana Ottoni/Folha Imagem
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Vista aérea do casamento de Athina e Doda, na Fundação Maria Luísa e Oscar Americano
Bilionários para sempre
O casamento da bilionária
Athina Onassis com o brasileiro Álvaro Affonso de
Miranda, o Doda, foi uma
cerimônia raras vezes vista na
cidade. São 18h30 quando uma
fila de carros de luxo começa a
se formar na porta da Fundação
Maria Luísa e Oscar Americano,
no Morumbi.
"Parece fila de balsa" diz uma
das convidadas do casal. "A cada meio metro da rua, um segurança." Todos parados, "chiquérrimos", de preto. Quatrocentos, no total. No meio dos
carros, outros tantos seguranças, lanterna na mão, conferem
os cartões de identificação dos
passageiros dos carros. Sem o
crachá, com código de barras e
tudo, é impossível transpor as
barreiras da festa.
Na primeira entrada, guichês
com computadores lêem o código de barra dos crachás -e
fotografias enviadas pelos próprios convidados para a organização da festa dias antes aparecem imediatamente nas telas
dos computadores. Segunda parada: detector de metais. Bolsas
"suspeitas" são abertas: quem
leva nelas câmera ou celular é
solicitado, gentilmente, a deixá-los na portaria. O casal não admite fotos na festa.
Ninguém escapa da vigilância:
o presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles, o presidente da Nestlé, Ivan Zurita, o apresentador Tom Cavalcante, a
empresária Yara Baumgart, o
empresário José Victor Oliva,
Vivianne e Leonardo Senna
-todos os convidados, sem exceção, tiveram que mandar suas
fotografias e passar pelo guichê.
Do lado de fora, a fila só fazia
crescer. Jornalistas americanos,
gregos, argentinos, ingleses, se
atiravam sobre os carros dos
convidados. Leonardo Senna é
reconhecido em sua Cayenne
Turbo. Atrás dela, quatro carros
de sua escolta particular. Tarsila
do Amaral, sobrinha-neta da artista plástica, é aplaudida pela
multidão de repórteres. Motivo:
foi a primeira a abrir a janela para dar entrevistas.
O secretário Walter Feldmann
(PSDB/SP), repete o gesto de
Tarsila. "Parei aqui para saber se
está tudo bem com vocês", diz
aos jornalistas. Narcisa Tamborindeguy e seu "personal tutor",
Bruno Astuto, abrem a janela
para os repórteres. "Tô de Valentino vermelho", avisa ela.
"Ai, que loucura!!!". "Desfila,
desfila!!!", pedem os fotógrafos.
Narcisa ainda grita: "Athina só
chega às nove!!!".
Vencidas as barreiras de entrada, os convidados são conduzidos para a igreja, ao som de
bossa nova, num dos 25 carros
da Audi, empresa que patrocina
as competições de hipismo de
Doda. Na porta da capela, todos
tinham que apresentar um segundo cartão, numerado, de
identificação. Da floresta vinham sons imitando o gorjear
de passarinhos. Nos jardins, todo refeito, estátuas clássicas.
Igreja lotada, anjinhos barrocos pendurados no teto, hortênsias brancas por toda a igreja,
orquestra Baccarelli...cenário de
sonho...e as portas se abrem!
Entra Doda de braços dados
com a mãe. Entram os padrinhos. Entra Sandrine, irmã de
Athina, corpo escultural, vestido cereja ultra-decotado, nas
mãos uma almofada com as coroas da benção grega. Entra Viviane, 5, filha de Doda, num vestido de tafetá branco com detalhes rosas. As portas se fecham.
Suspense, mistério. Começa a
marcha nupcial. As portas se
abrem. Narcisa Tamborindeguy
não aguenta: fica em pé na cadeira para ver a noiva chegar.
"Estava todo mundo esperando
para ver se ela entraria com o
pai", diz uma convidada. Surge
Athina.
Choque geral: está de braços
dados com o sogro, Ricardo Miranda. O pai, Thierry Roussel,
tão esperado, não apareceu. Os
dois brigam por causa da herança dela. "Foi emocionante ver
aquela menina, que tem tudo, e
é ao mesmo tempo tão só. A
gente sentia que ela estava ganhando uma família."
As atenções se voltam para o
vestido de Athina Onassis. Valentino. Pérola. Tomara-que-caia. De seda pura. Todo bordado com flores e minúsculos cristais. O cabelo, preso na frente,
cai numa cascata de cachos, by
Marco Antonio de Biaggi. A
maquiagem, em tons dourados
e leve toque de marrom e preto,
era de Kaká Moraes. O véu se
prolonga até alcançar a cauda
do vestido.
"O par de brincos de brilhantes era desbundante. Devia ser
da mãe ou da avó", aposta uma
das convidadas. Nas mãos, um
terço de brilhantes, como manda a tradição católica ortodoxa,
religião de Athina. Doda chora
ainda mais. Athina faz os juramentos do matrimônio. Em
português, com forte sotaque:
"marridô", "Mirrranda",
"pobrrezza". Os dois deixam a
capela de mãos dadas com Viviane.
Fim da cerimônia, todos se dirigem ao salão do jantar. A decoração, de Chris Ayrosa e Karla
Negri, surpreende os convidados: do branco e verde da igreja,
passa-se para o rosa e creme dos
salões. Cada mesa tem um formato diferente: redondas, retangulares, quadradas, estão enfeitadas com arranjos de hortênsias rosas sobre toalhas de linho. Tudo sóbrio: o brilho fica
por conta das convidadas.
Yara Baumgart é uma quase
unanimidade: num Valentino
de cetim verde, com um chafariz de pérolas e brilhantes no
pescoço "que se enxergava a
quilômetros", de acordo com
um convidado, é tida como uma
das mais elegantes da noite. Sua
filha, Cristina Baumgart, madrinha do casal, veste Yves Saint
Laurent. O presidente do BC,
Henrique Meirelles, sentou numa das três mesas principais, ao
lado de representantes da família Onassis. Falou muito de
Goiás, sua terra eleitoral. Nada
de economia.
Veuve Clicquot é servido aos
baldes, mas os convidados
acham tudo muito simples e natural, "sem potes de caviar, essa
ostentação toda", diz um deles.
No cardápio, gazpachio gelado, carpaccio de carne, salmão
rosa e folhado de pistaches com
sal marinho de entrada; primeiro prato, camarões sobre fundo
de alcachofra e fios de pupunha;
segundo prato, vitela fatiada sobre risoto, tulipa de marrom
glacê; de sobremesa, pequenos
churros, calda de gianduia, suflê
de chocolate quente, sorvete de
zabaione e telha de amêndoas.
A mesa de doces, num salão
coberto de folhas de fícus, é uma
atração à parte: Nininha Sigrist
assinou os caseiros, e de Belo
Horizonte vieram doces gelados. Sobre alguns, pequenas
hortênsias. As recepcionistas dizem, sobre as flores: "É para comer". "Vou a casamentos há
vinte anos. Nunca vi nada
igual", diz um convidado. Perto
dele, Gustavo Borges e o médico
Marcelo Cunha enchiam os bolsos com os tradicionais bem-casados.
Na saída só as mulheres ganhavam lembrancinhas: uma
caixinha branca com as iniciais
dos noivos, "AA". Dentro, um
colar de outro branco com um
pingente de cristal lapidado em
formato de coração.
@ - bergamo@folhasp.com.br
COM JOÃO LUIZ VIEIRA,DANIEL BERGAMASCO E LUCIANA OBNISKI
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