São Paulo, segunda-feira, 05 de dezembro de 2005

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POLÍTICA CULTURAL

Grupos cobram ações do Ministério da Cultura e Estados

Classe teatral pressiona governo

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Um instantâneo por algumas capitais brasileiras revela que a classe teatral, substancialmente os grupos, desempenha papel decisivo na reivindicação de políticas públicas para a cultura.
Nas últimas duas semanas, formou-se involuntariamente uma espécie de mobilização em cadeia.
Em Belo Horizonte, abre hoje a segunda edição do Redemoinho -Rede Brasileira de Espaços de Criação, Compartilhamento e Pesquisa Teatral.
Durante três dias, o Galpão Cine Horto, centro cultural do grupo Galpão, recebe representantes de 70 grupos -31 a mais em relação a 2004- vindos de 11 Estados.
Em pauta, "a permanente crise da cultura e a omissão dos governos federal, estaduais e municipais no apoio e manutenção dos espaços".
Mesas-redondas e palestras serão abertas ao público. Entre os convidados, o presidente da Funarte (Fundação Nacional de Arte), Antônio Grassi, representando Ministério da Cultura.
Na última sexta, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, disse que não prioriza o "teatro dos consagrados", em resposta às críticas dos atores Paulo Autran ("Acho que ninguém da classe teatral sabe o ele [Gil] fez") e Marco Nanini ("[O ministro] Nunca foi ao teatro, não gosta"), publicadas pela Folha na semana passada.
Ao longo de 2005, Gil reclamou bastante de contingenciamento. O governo cortou 57% do orçamento do MinC, que era de R$ 480 milhões. A promessa é de que o cenário mudará em 2006.
Na última quinta, em São Paulo, o secretário estadual da Cultura, João Batista de Andrade, recebeu em audiência pública um conselho formado por 25 entidades de distintas áreas artísticas.
A luta é pela incorporação das emendas que criam de fato um Fundo Estadual de Cultura, com dotação orçamentária fixada em lei, gerido por uma conselho e que opere por meio de editais.
Andrade propõe a criação do Programa de Ação Cultural (PAC), que estabeleceria um limite de renúncia fiscal para incentivo à cultura de até 0,2% do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e recolocaria em vigor um fundo de 1968, sem dotação orçamentária fixa, com recursos advindos da Loteria Cultural (que seria reativada).
A maioria das entidades apoiou a proposta, cuja data de votação pelo Legislativo não foi definida.
Na semana passada, em Porto Alegre, aconteceu o seminário "Teatro de Grupo -Reinventando a Utopia", organizado pela Escola de Teatro Popular da Terreira da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz. Foi centrado nos processos criativos e na formação de ator/atuador, com presenças de diretores como Amir Haddad (grupo Tá na Rua, RJ), Ilo Krugli (grupo Ventoforte, SP) e Luiz Carlos Vasconcelos (Piolim, PB).
No dia 25/11, um ato público do movimento Arte contra a Barbárie, na Assembléia paulista, pediu a criação de um Fundo Nacional de Cultura. Um "fomento nacional" inspirado na Lei de Fomento da cidade de São Paulo, que destina cerca de R$ 9 milhões a grupos escolhidos por comissão.


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