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POLÍTICA CULTURAL
Grupos cobram ações do Ministério da Cultura e Estados
Classe teatral pressiona governo
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Um instantâneo por algumas
capitais brasileiras revela que a
classe teatral, substancialmente os
grupos, desempenha papel decisivo na reivindicação de políticas
públicas para a cultura.
Nas últimas duas semanas, formou-se involuntariamente uma
espécie de mobilização em cadeia.
Em Belo Horizonte, abre hoje a
segunda edição do Redemoinho
-Rede Brasileira de Espaços de
Criação, Compartilhamento e
Pesquisa Teatral.
Durante três dias, o Galpão Cine
Horto, centro cultural do grupo
Galpão, recebe representantes de
70 grupos -31 a mais em relação
a 2004- vindos de 11 Estados.
Em pauta, "a permanente crise
da cultura e a omissão dos governos federal, estaduais e municipais no apoio e manutenção dos
espaços".
Mesas-redondas e palestras serão abertas ao público. Entre os
convidados, o presidente da Funarte (Fundação Nacional de Arte), Antônio Grassi, representando Ministério da Cultura.
Na última sexta, o ministro da
Cultura, Gilberto Gil, disse que
não prioriza o "teatro dos consagrados", em resposta às críticas
dos atores Paulo Autran ("Acho
que ninguém da classe teatral sabe o ele [Gil] fez") e Marco Nanini
("[O ministro] Nunca foi ao teatro, não gosta"), publicadas pela
Folha na semana passada.
Ao longo de 2005, Gil reclamou
bastante de contingenciamento.
O governo cortou 57% do orçamento do MinC, que era de R$
480 milhões. A promessa é de que
o cenário mudará em 2006.
Na última quinta, em São Paulo,
o secretário estadual da Cultura,
João Batista de Andrade, recebeu
em audiência pública um conselho formado por 25 entidades de
distintas áreas artísticas.
A luta é pela incorporação das
emendas que criam de fato um
Fundo Estadual de Cultura, com
dotação orçamentária fixada em
lei, gerido por uma conselho e que
opere por meio de editais.
Andrade propõe a criação do
Programa de Ação Cultural
(PAC), que estabeleceria um limite de renúncia fiscal para incentivo à cultura de até 0,2% do ICMS
(Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços) e recolocaria em vigor um fundo de 1968,
sem dotação orçamentária fixa,
com recursos advindos da Loteria
Cultural (que seria reativada).
A maioria das entidades apoiou
a proposta, cuja data de votação
pelo Legislativo não foi definida.
Na semana passada, em Porto
Alegre, aconteceu o seminário
"Teatro de Grupo -Reinventando
a Utopia", organizado pela Escola
de Teatro Popular da Terreira da
Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui
Traveiz. Foi centrado nos processos criativos e na formação de
ator/atuador, com presenças de
diretores como Amir Haddad
(grupo Tá na Rua, RJ), Ilo Krugli
(grupo Ventoforte, SP) e Luiz
Carlos Vasconcelos (Piolim, PB).
No dia 25/11, um ato público do
movimento Arte contra a Barbárie, na Assembléia paulista, pediu
a criação de um Fundo Nacional
de Cultura. Um "fomento nacional" inspirado na Lei de Fomento
da cidade de São Paulo, que destina cerca de R$ 9 milhões a grupos
escolhidos por comissão.
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