São Paulo, segunda-feira, 05 de dezembro de 2005

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MÚSICA

No segundo show em SP, vocalista Eddie Vedder ironiza moradores do Pacaembu e diz que a banda voltará ao Brasil

Em "matinê", Pearl Jam promete bis em 2006

Flávio Florido/Folha Imagem
O vocalista do Pearl Jam, Eddie Vedder, durante a apresentação de sexta-feira à noite, no estádio do Pacaembu, em São Paulo


THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

"Nos vemos de novo. Talvez no ano que vem." Era Eddie Vedder, o vocalista do Pearl Jam, se despedindo do público ao final do segundo show da banda no estádio do Pacaembu, no sábado à noite. O grupo, o último grande remanescente do grunge, matou a fome dos fãs brasileiros após 15 anos de espera. Como no dia anterior, Vedder falou bastante em português, e desta vez, até ironizou os moradores do bairro. "Obrigado aos vizinhos por nos deixarem tocar alto. E obrigado a vocês, por fazerem a vizinhança nos deixar tocar alto."
Ele se referia à briga envolvendo moradores do Pacaembu, a Prefeitura de São Paulo e a organização do evento (a CIE Brasil).
Os moradores pressionaram a prefeitura para não autorizar mais a realização de shows no estádio; a CIE ameaçou não fazer shows na capital paulista se o Pacaembu não fosse liberado. O prefeito José Serra deu OK para a apresentação do Pearl Jam, mas com algumas restrições.
Assim, o show teria que terminar antes das 21h45 -no sábado, acabou às 21h28; teve início às 19h18. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) montou esquema especial de trânsito, a PM atuou contra a ação de flanelinhas e a CIE divulgou campanha pedindo para que utilizasse o transporte público na ida ao estádio.
Se fora do estádio tudo correu mais ou menos tranqüilamente (à exceção de um pequeno tumulto na praça Charles Miller, de pessoas sem ingresso querendo ver o show), dentro o Pearl Jam pareceu ter se contaminado com a comoção do público paulista.
"Hoje foi muito melhor do que ontem", disse Eddie Vedder no bis, após a balada "Black" ter sido entoada em coro pelas 40 mil pessoas no Pacaembu. A platéia, claro, vibrou. Vedder e o guitarrista Mike McCready chegaram a cantar e a tocar no espaço que separava o público do palco.
O vocalista, por sinal, passou o show dando goles numa garrafa de vinho tinto. Já o público teve que se contentar com bebidas não-alcoólicas. A Polícia Militar prendeu alguns responsáveis por bares dentro do estádio que estavam vendendo cerveja. Segundo a PM, esses estabelecimentos não conseguiram alvará que liberasse a venda de álcool tanto para o show de sexta quanto para o de sábado. Assim, na sexta a cerveja parou de ser comercializada às 19h; no dia seguinte, às 18h20.

Saudade
"A primeira vez que estive em São Paulo foi há sete anos, com os Ramones", disse Eddie Vedder antes de a banda tocar o cover "I Believe in Miracles", dos Ramones (na verdade, Vedder esteve no Brasil em 1996, acompanhando a extinta banda nova-iorquina). "Sentimos saudades de Joey e Johnny [Ramone]. Sei que eles amavam o Brasil."
Durante "Alive", um dos maiores sucessos da banda, uma cena já manjada em shows internacionais: Vedder pega uma bandeira do Brasil e coloca nas costas.
O set list foi diferente daquele mostrado na sexta à noite. Entraram "Daughter", "Present Tense" e os covers "You've Got to Hide Your Love Away" (Beatles), "Crazy Mary" (Victoria Williams) e "Rockin" in the Free World" (Neil Young), entre outras. Mark Arm e Steve Turner, do Mudhoney, subiram ao palco para tocar "Kick Out the Jams", do MC5.
Mas a banda tem uma série de canções que compõem a espinha dorsal de suas apresentações, e essas estiveram presentes: "Alive", "Even Flow", "Betterman", "Do the Evolution", "Given to Fly"...


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