São Paulo, sábado, 05 de dezembro de 2009

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TELEVISÃO

Crítica

Truffaut opõe ordem e desejo na guerra

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Não deixa de ser irônico que os filmes mais significativos exibidos pelo Canal Brasil em 2009 sejam franceses.
O de hoje se chama "O Último Metrô" (18h; 12 anos). Aqui, Catherine Deneuve é Marion Steiner, atriz e mulher de um diretor de teatro judeu alemão. Como estamos em 1942, em Paris, e a França está ocupada, o diretor deve sumir de cena, deixando a Marion o comando do teatro.
Estamos em um universo por vezes parecido com o do "Ser ou Não Ser", de Ernst Lubitsch. Mas Lubitsch não representava 1942. Ele fazia seu filme nesse ano, e nos EUA.
Já Truffaut passou os anos de guerra na França, ainda garoto, e tem familiaridade com tudo o que se poderá ver neste filme de 1980 (que abre sua última e luminosa fase).
Existe ocupação, medo, um tanto de resistência, outro de colaboracionismo. Há oportunismo, mercado negro. Há teatro, é claro, e -o filme é de Truffaut- tensão entre a ordem (conjugal) e o desejo.
A experiência da guerra nessas circunstâncias particulares, no entanto, dá lugar também a um tanto de vivacidade e esperteza (como condições de sobrevivência), fatores a calhar, de que François Truffaut tira todo proveito.
Se o destaque maior do canal é francês, seria injusto não lembrar a estreia na direção de Selton Mello, com "Feliz Natal" (23h; 14 anos).


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