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TELEVISÃO
Crítica
Truffaut opõe ordem e desejo na guerra
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Não deixa de ser irônico que
os filmes mais significativos
exibidos pelo Canal Brasil em
2009 sejam franceses.
O de hoje se chama "O Último Metrô" (18h; 12 anos).
Aqui, Catherine Deneuve é
Marion Steiner, atriz e mulher
de um diretor de teatro judeu
alemão. Como estamos em
1942, em Paris, e a França está
ocupada, o diretor deve sumir
de cena, deixando a Marion o
comando do teatro.
Estamos em um universo
por vezes parecido com o do
"Ser ou Não Ser", de Ernst Lubitsch. Mas Lubitsch não representava 1942. Ele fazia seu
filme nesse ano, e nos EUA.
Já Truffaut passou os anos
de guerra na França, ainda garoto, e tem familiaridade com
tudo o que se poderá ver neste
filme de 1980 (que abre sua última e luminosa fase).
Existe ocupação, medo, um
tanto de resistência, outro de
colaboracionismo. Há oportunismo, mercado negro. Há teatro, é claro, e -o filme é de
Truffaut- tensão entre a ordem (conjugal) e o desejo.
A experiência da guerra nessas circunstâncias particulares,
no entanto, dá lugar também a
um tanto de vivacidade e esperteza (como condições de sobrevivência), fatores a calhar,
de que François Truffaut tira
todo proveito.
Se o destaque maior do canal
é francês, seria injusto não
lembrar a estreia na direção de
Selton Mello, com "Feliz Natal" (23h; 14 anos).
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