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RELÂMPAGOS
Fosso do som
JOÃO GILBERTO NOLL
Ele caminhava pelo campo. Na iminência da explosão de uma palavra. Que ele
não queria que se desse entre aquela relva alta, ruiva de
calor. Precisava chegar à tapera. Ali daria enfim passagem à coisa que lhe forçava a
mandíbula, tentando ser
pronunciada de uma vez. Ao
entrar, percebeu que a voz
não era a dele. Uma percussão, quem sabe, com o seu
oco ainda em formação.
Procurando o cavo, o mais
grave pendor. Deitou na esteira. Ouviu o violino do irmão, na mata, atraindo certa
lembrança impossível,
aquela, afogada no fosso do
som...
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