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CINEMA
"Cold Mountain", sobre a Guerra Civil americana, vai a Berlim após ser esnobado nas principais categorias do Oscar
Sangue e lágrimas abrem festival de Berlim
FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM
Começou em lágrimas a 54ª edição do Festival Internacional de
Cinema de Berlim, a Berlinale.
"Cold Mountain", de Anthony
Minghella (Oscar de direção por
"O Paciente Inglês"), fez com que
a sessão para jornalistas ontem
terminasse com os espectadores
de lenço de papel na mão enxugando os olhos.
A produção conta a história de
amor entre Inman (Jude Law) e
Ada Monroe (Nicole Kidman) no
final da sangrenta Guerra Civil
americana, na segunda metade do
século 19, quando três milhões de
homens morreram lutando. Cenas de batalhas, massacre e tortura não faltam no filme.
Apesar do elenco estelar, que
reúne ainda Renée Zellweger e
Donald Sutherland, e de ser a
mais cara produção da Miramax,
estimada em mais de US$ 115 milhões, o filme acabou não sendo
indicado em importantes categorias do Oscar, como melhor filme
e direção.
Há boicote ao filme nos Estados
Unidos? "Não acredito em boicote generalizado. Houve algumas
críticas ao filme por ele ter sido
rodado na Romênia, quando há
tantos desempregados nos EUA,
mas ouve uma campanha contra
o filme nas indicações ao Oscar e
eu acho que a decisão da Academia de Hollywood foi errada",
disse Harvey Weinstein, um dos
sócios da Miramax, em Berlim.
"Cold Mountain" é baseado no
livro de mesmo nome de Charles
Frazier e refere-se a uma região
fictícia na Carolina do Norte
(EUA) e o local onde Inman e
Adan se conhecem, antes que ele
parta para a guerra. Solitária, ela
encontra na amizade com Ruby
(Zellweger) uma forma de manter
a sanidade. "O que me levou a
realizar esse filme foi a profunda
amizade entre duas mulheres, e a
independência delas em relação
aos homens", afirmou Minghella,
ontem, em entrevista coletiva.
Ao retratar uma história de
amor em tempos de guerra, o diretor também trata, de certo modo, do contemporâneo caráter
militarista norte-americano. Para
Minghella, "esse é um filme que
mostra os problemas que ocorrem quando há todo tipo de preconceito, o que aconteceu e ainda
acontece".
Brasil
Hoje o Brasil estréia nas telas de
Berlim. "Fala Tu", de Guilherme
Coelho, é a primeira produção
nacional a ser exibida. Também
hoje, Berlim assiste "Traveling
with Che Guevara" o making of
de "Diários de Motocicleta", de
Walter Salles, realizado pelo italiano Gianni Minà.
Incluído na última hora, após a
desistência de Salles em participar
da competição em Berlim, o documentário não consta do catálogo do festival.
O jornalista Fabio Cypriano viajou a
convite da organização do festival
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