São Paulo, sexta-feira, 06 de fevereiro de 2004

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CINEMA

"Cold Mountain", sobre a Guerra Civil americana, vai a Berlim após ser esnobado nas principais categorias do Oscar

Sangue e lágrimas abrem festival de Berlim

FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

Começou em lágrimas a 54ª edição do Festival Internacional de Cinema de Berlim, a Berlinale. "Cold Mountain", de Anthony Minghella (Oscar de direção por "O Paciente Inglês"), fez com que a sessão para jornalistas ontem terminasse com os espectadores de lenço de papel na mão enxugando os olhos.
A produção conta a história de amor entre Inman (Jude Law) e Ada Monroe (Nicole Kidman) no final da sangrenta Guerra Civil americana, na segunda metade do século 19, quando três milhões de homens morreram lutando. Cenas de batalhas, massacre e tortura não faltam no filme.
Apesar do elenco estelar, que reúne ainda Renée Zellweger e Donald Sutherland, e de ser a mais cara produção da Miramax, estimada em mais de US$ 115 milhões, o filme acabou não sendo indicado em importantes categorias do Oscar, como melhor filme e direção.
Há boicote ao filme nos Estados Unidos? "Não acredito em boicote generalizado. Houve algumas críticas ao filme por ele ter sido rodado na Romênia, quando há tantos desempregados nos EUA, mas ouve uma campanha contra o filme nas indicações ao Oscar e eu acho que a decisão da Academia de Hollywood foi errada", disse Harvey Weinstein, um dos sócios da Miramax, em Berlim.
"Cold Mountain" é baseado no livro de mesmo nome de Charles Frazier e refere-se a uma região fictícia na Carolina do Norte (EUA) e o local onde Inman e Adan se conhecem, antes que ele parta para a guerra. Solitária, ela encontra na amizade com Ruby (Zellweger) uma forma de manter a sanidade. "O que me levou a realizar esse filme foi a profunda amizade entre duas mulheres, e a independência delas em relação aos homens", afirmou Minghella, ontem, em entrevista coletiva.
Ao retratar uma história de amor em tempos de guerra, o diretor também trata, de certo modo, do contemporâneo caráter militarista norte-americano. Para Minghella, "esse é um filme que mostra os problemas que ocorrem quando há todo tipo de preconceito, o que aconteceu e ainda acontece".

Brasil
Hoje o Brasil estréia nas telas de Berlim. "Fala Tu", de Guilherme Coelho, é a primeira produção nacional a ser exibida. Também hoje, Berlim assiste "Traveling with Che Guevara" o making of de "Diários de Motocicleta", de Walter Salles, realizado pelo italiano Gianni Minà.
Incluído na última hora, após a desistência de Salles em participar da competição em Berlim, o documentário não consta do catálogo do festival.


O jornalista Fabio Cypriano viajou a convite da organização do festival

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