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INVERNO 2001/2002
Estilistas acrescentam rebeldia, anos 60 e estilo vitoriano
Romantismo é o prato do dia na moda à milanesa
à dir., o novo espírito apresentado por
Alberta Ferretti
ERIKA PALOMINO
ENVIADA ESPECIAL A MILÃO
A temporada de lançamentos
de inverno 2001/2002 do prêt-à-porter italiano, que termina hoje
em Milão, parece se dividir entre
duas correntes, a dos radicais e a
dos românticos. Muitas vezes, as
duas se misturam num mesmo
desfile, gerando os mais interessantes e criativos exercícios estilísticos. Preocupados como são
com o aspecto comercial, os designers não podem -mesmo
aqui- se dar ao luxo de deixar de
atender às expectativas da plurifacetada mulher do século 21.
A questão do romantismo parece ser das mais complexas. E como comunicá-la para uma "donna" -romântica, sim, tonta,
não- que vem mexendo com as
passarelas milanesas? Imagens do
passado tornam a aparecer, seja
na influência da silhueta vitoriana, dândi, ou em heroínas urbanas cuja imagem lembra a de um
Robin Hood com registro de
punk ou motocicleta, donzelas
desconstrutivistas vêm à mente,
como no saboroso desfile de Anna Molinari, feito de calças de
couro justíssimas, feito leggings,
usadas com saias de frufrus e jogo
de preto e vermelho, e depois preto e branco ou creme, de botinha
curta com fivelas sobre a calça.
Personagens inspiradas na Lara
de "Dr. Jivago" são moças russas
de vocação grunge, como as de
Blumarine, e nos mostram seus
chapéus de pele com botas de urso, cintões e vestidinhos floridos.
De modo contemporâneo, Alberta Ferretti, por sua vez, fez um
belíssimo desfile, exemplificando
o novo espírito. Casting de olho
na androginia, mas cabelo bagunçado e olhar dark. O desfile começa -não antes de todas as luzes se
acenderem de repente, acordando a platéia, no desfile marcado
para às 10h. Depois do susto, ficou
mais fácil abrir os olhos para ver a
suave palheta em tons de cinza
que as meninas mostravam em ziguezague pela passarela.
Nas formas, vestidinhos pelo
meio da perna, sem mangas, em
veludo molhado ou seda georgette, misturados a mantôs de lã estruturados e fechados. Outro item
explorado foi o mesmo vestido
em tomara-que-caia, com um
ombro só ou alças, e jaquetinhas
de cintura levantada e proporções
sequinhas, em veludo vinho.
Os melhores momentos ainda
ficaram no final, com os vestidos
com detalhes torcidos ou com nós
desenhando o tecido, em preto ou
numa variação prateada do cinza.
Bons acessórios, como os sapatos
brechó com calcanhar levantado
em preto e meia-calça preta, e as
botas sem salto.
A referência de Ferretti era a
imagem da modelo Twiggy, trazendo dos anos 60 a figura diminuta, o estilo à toda prova e as formas dos pequenos vestidos.
Dos mesmos swinging 60's veio
o esquadrão mod de Karl Lagerfeld na Fendi, que evocou o passado do mestre André Courrèges
(atenção para a tendência, é a
mesma referência de Gucci, que
trouxe ainda as formas históricas
de Paco Rabbane). Os ventos dos
60 sopravam já desde a última estação, quando Alexandre Herchcovitch apostou em seu verão nas
formas eternas lançadas pelos
dois estilistas naquela década.
Em preto e branco, Lagerfeld
brinca agora de misturar elementos como broches vitorianos e lapelas prateadas às formas circulares dos casacos, peças tradicionais
da casa romana Fendi.
Em vez de romantismo, é o minimalismo que assombra a casa
Jil Sander. Foi o desfile de estréia
de Milan Vukmirovic, ex-comprador da loja francesa Colette,
como diretor criativo da marca. A
idéia parece ser contaminar o excelente tino comercial às necessidades de uma grife sem estilista,
como ficou a Jil Sander depois da
saída da criadora. E, se o minimalismo não existe mais, como declarou o novo boss Patrizio Bertelli, a nova Jil Sander ainda não
agradou totalmente.
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