UOL


São Paulo, quinta-feira, 06 de março de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Brasil e Argentina fecham acordo de exibição

DENISE MOTA
EM BUENOS AIRES

Mais filme brasileiro na Argentina. Mais filme argentino no Brasil. Essa é a ambição central do protocolo de intenções que será assinado entre a Ancine (Agência Nacional do Cinema) brasileira e o Incaa (Instituto Nacional de Cine e Artes Audiovisuais) argentino, em 12 de março, no Festival de Cinema de Mar del Plata.
O documento é um esboço para um Acordo de Exibições Recíprocas a ser discutido entre os dois países ao longo do primeiro semestre deste ano. "A idéia é facilitar a distribuição de filmes. O documento está em suas linhas gerais, estamos indefinidos em relação a quanto tempo precisaríamos para colocá-lo em prática, e nossas dificuldades são, principalmente, de caráter orçamentário", diz Alberto Flaksman, superintendente de promoção e comércio exterior da Ancine.
De acordo com o projeto, o Incaa e a agência brasileira subsidiarão a produção de cópias legendadas dos filmes, em espanhol e português, e vão arcar com os custos promocionais dos longas. Segundo Flaksman, um dos objetivos é "reduzir o risco dos distribuidores e estimulá-los".
A Argentina firmará acordo semelhante com o Chile. Na visão do instituto argentino, haverá público para produções latinas e não se espera resistência por parte de distribuidores ou do setor de exibição. Para Jorge Alvarez, vice-presidente do Incaa e articulador do projeto junto à Ancine, "se colocamos no mercado argentino filmes brasileiros e chilenos, serão algumas propostas novas, latinas e para as quais há interesse".
O protocolo delineia a exibição de seis a oito filmes argentinos em cinemas brasileiros ao ano, e vice-versa. O projeto, desenvolvido desde junho do ano passado, ainda não tem custos definidos, mas prevê a atuação das exibidoras de grande porte do Brasil e na Argentina, como as salas multiplex Hoyts, Cinemark, Village (em Buenos Aires) e UCI (em SP).
"Queremos fomentar o negócio do cinema em cada país. E dar direito a nossos povos de terem diversidade cultural. É uma política de Estado", define Eva Piwowarski, coordenadora do Escritório de Relações com o Mercosul, do Incaa, que inicia uma guinada latino-americana em seus projetos, de acordo com Alvarez. "Mudamos a direção do Festival de Mar del Plata porque queríamos impor uma política de reciprocidade, intercâmbio e co-produção latina, especialmente com o Brasil."
O mercado brasileiro é altamente atrativo para o cinema argentino, que vem conseguindo manter sua produção (ano passado, estrearam no circuito do país 51 filmes locais), mas não o número de espectadores de longas nacionais.
Em 2002, a produção local ocupou 10,24% do mercado total do país, menos do que os cerca de 13% atingidos em 2001. Em 2001, o público para produções argentinas caiu 35,8% em relação a 2000, segundo dados da Cinedística argentina e do Sindicato da Indústria Cinematográfica Argentina.


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Música - Memória: A emancipação feminina no curso da MPB, de Celly a Kelly
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.