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Brasil e Argentina fecham acordo de exibição
DENISE MOTA
EM BUENOS AIRES
Mais filme brasileiro na Argentina. Mais filme argentino no Brasil. Essa é a ambição central do
protocolo de intenções que será
assinado entre a Ancine (Agência
Nacional do Cinema) brasileira e
o Incaa (Instituto Nacional de Cine e Artes Audiovisuais) argentino, em 12 de março, no Festival de
Cinema de Mar del Plata.
O documento é um esboço para
um Acordo de Exibições Recíprocas a ser discutido entre os dois
países ao longo do primeiro semestre deste ano. "A idéia é facilitar a distribuição de filmes. O documento está em suas linhas gerais, estamos indefinidos em relação a quanto tempo precisaríamos para colocá-lo em prática, e
nossas dificuldades são, principalmente, de caráter orçamentário", diz Alberto Flaksman, superintendente de promoção e comércio exterior da Ancine.
De acordo com o projeto, o Incaa e a agência brasileira subsidiarão a produção de cópias legendadas dos filmes, em espanhol e
português, e vão arcar com os
custos promocionais dos longas.
Segundo Flaksman, um dos objetivos é "reduzir o risco dos distribuidores e estimulá-los".
A Argentina firmará acordo semelhante com o Chile. Na visão
do instituto argentino, haverá público para produções latinas e não
se espera resistência por parte de
distribuidores ou do setor de exibição. Para Jorge Alvarez, vice-presidente do Incaa e articulador
do projeto junto à Ancine, "se colocamos no mercado argentino
filmes brasileiros e chilenos, serão
algumas propostas novas, latinas
e para as quais há interesse".
O protocolo delineia a exibição
de seis a oito filmes argentinos em
cinemas brasileiros ao ano, e vice-versa. O projeto, desenvolvido
desde junho do ano passado, ainda não tem custos definidos, mas
prevê a atuação das exibidoras de
grande porte do Brasil e na Argentina, como as salas multiplex
Hoyts, Cinemark, Village (em
Buenos Aires) e UCI (em SP).
"Queremos fomentar o negócio
do cinema em cada país. E dar direito a nossos povos de terem diversidade cultural. É uma política
de Estado", define Eva Piwowarski, coordenadora do Escritório de
Relações com o Mercosul, do Incaa, que inicia uma guinada latino-americana em seus projetos,
de acordo com Alvarez. "Mudamos a direção do Festival de Mar
del Plata porque queríamos impor uma política de reciprocidade, intercâmbio e co-produção latina, especialmente com o Brasil."
O mercado brasileiro é altamente atrativo para o cinema argentino, que vem conseguindo manter
sua produção (ano passado, estrearam no circuito do país 51 filmes locais), mas não o número de
espectadores de longas nacionais.
Em 2002, a produção local ocupou 10,24% do mercado total do
país, menos do que os cerca de
13% atingidos em 2001. Em 2001,
o público para produções argentinas caiu 35,8% em relação a 2000,
segundo dados da Cinedística argentina e do Sindicato da Indústria Cinematográfica Argentina.
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