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Evento terá "terreiros" entre a exposição
DA REPORTAGEM LOCAL
Em 1998, com a antropofagia
como tema central, o curador
Paulo Herkenhoff, da 24ª Bienal de São Paulo, tornou o tema
uma referência internacional.
Para a 29ª edição, Agnaldo Farias, o cocurador brasileiro da
mostra, diz que já encontrou o
mote que vai marcar essa Bienal: a noção de terreiro.
"Essa é uma bienal que pretende celebrar a política, mesmo enquanto os políticos a desmoralizam. Não poderíamos
organizar uma mostra que fosse simplesmente contemplativa e, por isso, vamos ter seis terreiros, que é o lugar da festa, do
sagrado e do profano, como espaços para encontro em meio à
exposição", conta Farias.
A ideia surgiu na primeira
reunião do time curatorial, a
partir da canção de Assis Valente, "Brasil Pandeiro", que se popularizou com os Novos Baianos, e tem o verso "Brasil, esquentai vossos pandeiros, iluminai os terreiros/ que nós
queremos sambar". Segundo
Farias, "foi no morro que o Oiticica criou os parangolés, e o
terreiro é uma construção essencialmente brasileira, o que
faz todo sentido para o caráter
que queremos dar à mostra".
Assim, no pavilhão do Ibirapuera, em meio à mostra, serão
dispostos seis terreiros, cada
um organizado por um artista,
de acordo com os temas usados
na 29ª Bienal. Ernesto Neto, o
único até agora confirmado, será o criador do terreiro da
"Lembrança e Esquecimento",
uma reflexão sobre o papel do
monumento. Os demais temas
são "Dito, Não Dito e Interdito", uma tribuna para debates,
inspirada em Guimarães Rosa;
"Pele do Invisível", o espaço para projeção de filmes; "Longe
Daqui, Aqui Mesmo", que irá
abordar as utopias; "Eu Sou a
Rua", espaço para palestras e
debates; "O Mesmo, o Outro", o
lugar das performances, a partir de um texto de Jorge Luis
Borges. "Durante a Bienal vamos ter entre 200 e 300 ações
acontecendo nesses espaços,
seja a apresentação do coro da
Osesp, seja uma peça de dança
contemporânea", diz Farias.
Na próxima quarta, um ciclo
gratuito de palestras dá início à
programação da 29ª Bienal. Organizado por Helmut Batista,
coordenador do projeto Capacete, o primeiro debate será
com o artista albanês Anri Sala,
no teatro Arena. No dia seguinte, o brasileiro Amilcar Packer e
o britânico Jeremy Deller irão
abordar suas trajetórias artísticas, no mesmo local. "O Arena
foi cedido ao Helmut pela Funarte e toda a programação dele, durante esse ano, terá apoio
da Bienal. Creio que essa é uma
forma de mostrar o que entendemos por política, adensando
o debate e colaborando com outras instituições, em vez de ficarmos apenas no Ibirapuera",
conta Farias.
(FC)
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