São Paulo, sexta, 6 de março de 1998

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CINEMA
Longa de estréia de Beto Brant é o único filme latino-americano no New Directors, New Films Festival
"Matadores' representa Brasil em NY

de Nova York

"Os Matadores", longa de estréia de Beto Brant, é o único latino-americano entre os 32 filmes selecionados para a 27ª edição do New Directors, New Films Festival (Festival Novos Diretores, Novos Filmes), em Nova York.
Organizado pelos departamentos de cinema do Lincoln Center e do Museu da Arte Moderna de Nova York (MoMA), o evento, não-competitivo, acontece entre 27 de março e 6 de abril próximo.
A seleção da principal mostra nova-iorquina de revelações será anunciada oficialmente hoje. Foram escolhidos 24 longas e oito curtas. A produção independente americana domina o evento, com seis longas e quatro curtas.
O festival deste ano terá, assim, inequívoco sabor de Sundance. Um dos filmes de abertura, "Sherman Alexie's Smoke Signals", de Chris Eyre, saiu de Park City com os prêmios de direção e público. Também premiada como diretora foi a documentarista Julia Loktev por "Moment of Impact".
Grã-Bretanha e França dividem o segundo posto, cada qual com quatro títulos selecionados -três longas e um curta. Veneza-97 é a principal fonte da representação inglesa. Todos os longas escolhidos estiveram na mostra especial "British Renaissance".
"Under the Skin" encabeça o lote. Dirigido pela estreante Carine Adler, nascida no Brasil numa família judaica de origem centro-européia, é um notável drama sobre o desequilíbrio emocional de uma jovem londrina.
"Twenty Four Seven" parece "Rocky, um Lutador" revisitado pelo realismo crítico de Ken Loach. Bob Hoskins não economiza esforços para criar um clube de boxe num subúrbio. "Mojo", por fim, não desperta emoções maiores ao levar para as telas uma trama de gângsteres que virou culto jovem nos palcos ingleses.
A mais importante carta francesa é "Western", de Manuel Poirier, também programado para a abertura do festival. Reconhecido com o Prêmio do Júri de Cannes-97, o filme combate o virtual monopólio de Paris como locação ao encenar as andanças pelo interior da França de dois conquistadores.
Também de Cannes-97 vêm "O Círculo Perfeito", de Ademir Kenovic, drama sobre a destruição de Sarajevo que abriu a Quinzena dos Realizadores, e "Junk Mail", do norueguês Paul Sletaune, premiado na Semana da Crítica e já exibido no Brasil.
As cinematografias periféricas foram relegadas a uma participação marginal no festival deste ano. A nova onde iraniana será representada apenas por "Leila", de Darius Mehjui. "Sommersault in a Coffin", de Dervis Zaim, defende as cores da Turquia.
New Directors, New Films só perde em importância na cidade para o Festival de Nova York. Ambos são decisivos para o destino da produção fílmica internacional no cada vez mais restrito mercado americano. Dos 32 títulos da seleção deste ano, apenas seis já asseguraram distribuição nas salas dos EUA. Nota: três deles são americanos. (AMIR LABAKI)


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