São Paulo, sexta, 6 de março de 1998

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Debates discutem época e influências

da sucursal do Rio

Os debates de "Memórias da Subversão" acontecerão nos dias 9, 10 e 11, sempre às 20h.
No primeiro dia, com o tema "Relações em Transe", estarão em pauta a relação família e sexo, os costumes e o comportamento.
Fernando Gabeira vai mostrar que "os movimentos que aconteceram no ano de 68, em todo o mundo, tiveram características distintas em cada país. Em cada um, representou mudanças de relações diferentes".
Para ele, na Alemanha foi um movimento antiautoritário e na França apareceu como uma insatisfação ao desenvolvimento do capitalismo. Ele ainda vai lembrar o revolução cubana, entre outras.
"No Brasil houve uma politização grande da juventude, ocorrendo transferência da rebeldia contra a família para o sistema", disse Gabeira. O deputado federal (PV-RJ) e colunista da Folha também abordará os "avanços de costumes e efeitos da revolução sexual que aconteceram na época".
"Será importante falar do aparecimento da Aids, que funcionou como elemento revisor e ao mesmo tempo retardador do processo da revolução sexual que vem se desenvolvendo desde 68. Não há como olhar para estes 30 anos de história sem lembrar disso."
"Arte em Transe" será o tema discutido no segundo dia. A historiadora Heloísa Buarque de Hollanda vai "tentar desmistificar as duas maneiras que 68 é visto hoje". Segundo ela, a primeira forma é romântica. "É normalmente uma visão de quem não viveu, e por isso considera que aquele momento era maravilhoso, que todo mundo era revolucionário."
A outra visão, diz a historiadora, "é dos que consideram 68 uma época em que aconteceram movimentos voluntaristas, promovidos por irresponsáveis".
"Nem uma, nem outra explicam o que aconteceu. O interessante em 68 foi a explosão da hiperinflação ideológica que veio sendo acumulada nos anos 60. É uma virada que aconteceu praticamente em todos os países, com ou sem intervenção militar", disse.
No terceiro dia, o filósofo Leandro Konder, o psicanalista João Batista Ferreira e o editor César Queirós Benjamim vão discutir as influências filosóficas, ideológicas e políticas deixadas por 68.



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