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Filmes serviam à revolução
da Sucursal do Rio
Para o evento "Memórias da
Subversão" foram selecionados
filmes que expressam as características da geração 68 descritas por
Zuenir Ventura no livro "1968-O
Ano Que Não Terminou".
A geração 68 amava os Beatles e
os Rolling Stones, protestava ao
som de Vandré, Chico ou Caetano, via Glauber e Godard, andava
com a alma incendiada de paixão
revolucionária e não perdoava os
pais -reais e ideológicos- por
não terem evitado o golpe de 64.
Era uma juventude que se acreditava política e achava que tudo
devia se submeter ao político.
"Escolhemos filmes que refletem
o que vivemos na época e sobretudo o gosto, a preferência estética,
sem necessariamente falar historicamente de 68", disse Ventura.
Entre eles estão os filmes de
Jean-Luc Godard "A Chinesa", de
1967 - sobre o efeito da Revolução Cultural chinesa na juventude
francesa-, e "Acossado", de
1960, que conta a história de Michel, um ladrão de carros que mata um guarda sem querer e decide
fugir do país, fazendo uma parada
em Paris para ver a namorada.
"O Godard era um guru intelectual, as pessoas nem sempre entendiam os filmes dele, mas adoravam. E não era esnobismo de gostar só porque não entendiam. Havia identificação com o clima dos
filmes que tinha a ver com a época", afirma Ventura.
Para retratar o imaginário da
época também foi escolhido o filme "Terra em Transe", de Glauber
Rocha (1967), que conta a história
de Paulo, um poeta, que recorda
antes de morrer a sua participação
nas lutas políticas de seu país.
"Os filmes de Godard foram importantes porque muitas vezes expressavam posições de extrema
esquerda, mas "Terra em Transe'
foi o filme que realmente nos mobilizou e nos despertou a necessidade de discutir o Brasil", diz Fernando Gabeira.
"Confesso que na época tive uma
posição equivocada sobre "Terra
em Transe'. Queria que defendesse
as minhas posições políticas, ainda achava que a luta armada não
era a solução. Depois eu mesmo
tomei esse caminho."
A historiadora Heloísa Buarque
de Hollanda, que também participará do evento, destaca entre os
filmes da mostra "Matou a Família
e Foi ao Cinema", de Júlio Bressane (1969). "Tenho o pôster até hoje
na minha casa. Marcou porque
deixava claro que arte é uma coisa
revolucionária e que a mudança
poderia ocorrer por meio dela."
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