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TELEVISÃO - CRÍTICA
MTV Brasil deve dar ao público aquilo que ele não sabe que quer
ERIKA PALOMINO
Colunista da Folha
"Infiltrada na sua pele; mais Brasil; múltipla; única". Cheia de auto-elogios e adjetivos, a nova programação da MTV estreou no último domingo, tentando retomar o
fôlego comercial e artístico.
As reclamações eram gerais -ao
que parece, ninguém conseguia assistir ao que queria. Do outro lado,
de alguns anos para cá, a juventude
brasileira deixou-se encantar mais
pelo pagode e pelo axé que pelo
rock americano. Agora, a MTV
anuncia que fala "a sua língua".
E era só olhar para os lados. Outros núcleos "jovens" como o "H",
o programa de Serginho Groisman
e até a parte musical da Xuxa já haviam se rendido: os novos astros
do samba dão muito mais audiência que os jovens roqueiros.
Restou à MTV virar mesmo a
Eme-Tevê. A nova "brasilidad" da
emissora oferece então um olhar
mais generoso aos artistas de samba, mas também mais espaço aos
nomes da MPB e mesmo do rock
Brasil. Agora, fala-se português.
E também toca "bunda music",
como batizou a mídia carioca. Tem
vinheta de bunda, clipe de bunda,
entrevista com bunda. "Balança a
bundinha", canta a Cheiro de
Amor. Não é isso que os desocupados adolescentes querem ver? Ou o
Skank teria estourado sem o clipe
de "Garota Nacional"? O público
feminino da MTV fica, por sua vez,
com a enxurrada de grupos tipo
Backstreet Boys, que tomam conta
da programação vespertina.
As "cabeças" dos clipes ganham
mais temperatura e mobilidade, já
que os VJs podem ficar sentados.
Como opção ao jornalismo, Marina Person resolve bem ali mesmo,
nos modernos computador e cenários. "VJ por um Dia" solta Casé e
acerta. O "Quiz" ainda entedia e
explora pouco Adriane Galisteu.
Ainda está faltando -e fazendo
falta- a presença de Fabio Massari, que cuidava e apresentava um
dos melhores programas da velha
MTV, o "Lado B", que parece que
não deu conta e pediu férias.
Tudo muito bom, tudo muito
bem, mas queremos mais novidades. Menos baba e mais surpresas,
mais clipes renovadores que nos
façam ligar a MTV, independente
da faixa etária ou do gênero favorito, para ver o que acontece no
mundo. Sabemos o que o povo
quer, resta dar ao público o que ele
não sabe que quer.
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