São Paulo, Sábado, 06 de Março de 1999
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MODA
Depois do primeiro desfile em Londres, Alexandre Herchcovitch quer atingir EUA, Paris e interior da Inglaterra
"É ridículo me considerarem um rebelde"

DENISE MOTA
enviada especial a Londres

O olho tatuado na mão direita de Alexandre Herchcovitch já presenciou misturas de anáguas, chifres e modelos de rostos cobertos. Mas, de acordo com o autor desse estilo, de rebeldia -principal substantivo a que o estilista tem sido associado- isso não tem nada.
Assim confirmam seus inofensivos hábitos particulares -como visitar parques de diversão das cidades por onde passa ou colecionar caveirinhas- e ofensivas comerciais como a participação da Zoomp, desde o ano passado, no desenvolvimento e venda de suas roupas em 60 pontos-de-venda no Brasil e mais de dez no exterior.
"Quando me davam essa classificação de "rebelde", havia uma conotação de que era tudo uma brincadeira, o que nunca foi", disse.
Além de fazer questão de se desvencilhar da imagem de transgressor, Herchcovitch também começa a estudar a entrada de suas criações em novos mercados, como Paris e interior da Inglaterra.
Também planeja lançar, neste ano, um livro de fotografias, com imagens de todos os seus trabalhos, desde 1993.
Leia trechos da entrevista de Alexandre Herchcovitch concedida à Folha, em Londres, logo depois do primeiro desfile do estilista na capital inglesa, na semana passada.

Folha - No que você vai trabalhar agora?
Alexandre Herchcovitch
- Vou começar a próxima coleção, que vai ser apresentada em junho, em SP, e em setembro, em Londres.
Folha - Uma vez você disse que um vestido rosa-shocking, uma camiseta de caveira e um vestido de látex preto com musselina e franjas resumiria o que você quis dizer, em uma de suas coleções. O que resume o que você quer dizer nesta coleção?
Herchcovitch
- Uma saia com volume e uma camisa.
Folha - Você é patrocinado por empresas de tecido, meias e sapatos, além de já ter contado com o apoio de uma joalheria. Como isso afeta seu trabalho?
Herchcovitch
- Posso mudar de patrocinador de acordo com o que eu necessite para cada coleção. Não há interferências, todos respeitam sempre a minha posição.
Folha - Em quais mercados você quer entrar?
Herchcovitch
- Quero entrar na Europa com mais força, sobretudo em Paris e no interior da Inglaterra. Quero atingir também outras cidades dos Estados Unidos.
Folha - O que trará a próxima coleção?
Herchcovitch
- Vivo do segredo.
Folha - Você costumava ser descrito como um "enfant terrible" da moda brasileira, um rebelde. Depois da associação com a Zoomp, essa visão começou a mudar. Mudaram as pessoas, ou você mudou?
Herchcovitch
- Essa coisa de me chamar de rebelde é ridículo. Mudou a visão das pessoas, com o tempo você vai adquirindo respeito. Demoraram a perceber que eu não estava brincando, mas tive um resultado comercial muito grande, não tem como negar.
Folha - Que imagem você faz de si mesmo?
Herchcovitch
- Sou um trabalhador.


A jornalista Denise Mota viajou a Londres a convite da Zoomp


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