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PATRIMÔNIO
Ata final de um financiamento total de U$ 200 milhões será assinada em Paris
Weffort e BID confirmam verbas para o Monumenta
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Sucursal de Brasília
O ministro da Cultura, Francisco
Weffort, assina, com o presidente
do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Enrique
Iglesias, no próximo dia 15, em Paris, a ata final do acordo de financiamento do programa Monumenta, de preservação de conjuntos patrimoniais urbanos do país.
No total, serão U$ 200 milhões, a
serem investidos em três anos, para recuperar áreas históricas de
Ouro Preto, Salvador, Olinda, São
Luís, Recife, Rio e São Paulo.
Além do BID, participam do projeto a Unesco (Organização das
Nações Unidas para Educação,
Ciência e Comunicação), fundações nacionais e governos federal,
estaduais e municipais.
As obras precursoras do Monumenta tiveram início em 1997, em
Olinda, São Luís e Recife.
Calcula-se que 50% dos imóveis
históricos brasileiros sob a tutela
do governo federal estão degradados; 25% exigem obras de recuperação imediatas; dois terços estão
abandonados ou subutilizados.
O total dos recursos para deixar o
acervo inteiramente em ordem é
de cerca de US$ 1 bilhão. O projeto
Monumenta, portanto, representa
apenas 20% da necessidade total.
Sua importância, para os técnicos do Ministério da Cultura, é que
ele servirá de modelo para o futuro. O BID, que vai entrar com a
maior parte do dinheiro, também
considera o projeto um piloto para
suas futuras ações nessa área.
Além dos investimentos necessários para as obras, o Monumenta
também prevê a criação de fundos
municipais com o objetivo de conservar o que será realizado.
Cada município beneficiado
criará um fundo contábil, administrado pelo poder público e por
agentes privados, de acordo com
critérios estabelecidos por lei votada pelo legislativo de cada cidade.
Se o imóvel restaurado for propriedade particular, o investimento será considerado um empréstimo ao dono, que o pagará, mediante contrato, com o mínimo
possível de subsídio público.
Se for um teatro ou um museu,
será estabelecida uma proporção
de sua renda industrial a ser devolvida ao fundo anualmente até que
o investimento inicial seja pago.
Se o imóvel for uma praça ou via
pública, o município se comprometerá a aportar ao fundo uma
quantia anual, calculada sobre a
valorização do imóvel. Assim, o
fundo terá condições de pagar e
conservar os investimentos.
Com isso, o Monumenta acha
que será possível manter as características originais dos bens sem
que sejam exigidos novos dispêndios de verbas públicas no futuro.
Se o projeto conseguir "replicar"
até que todas as áreas tombadas
pela União estejam recuperadas,
não haverá mais necessidade de
intervenção do Estado no setor.
Em São Paulo, a área beneficiada
pelo Monumenta será a da Luz. Em
Salvador, a do Pelourinho. Em Recife, a da Alfândega. Em Olinda,
toda a região da colina histórica.
Em Ouro Preto, a do vale da cidade. No Rio, a praça Tiradentes. Em
São Luís, o centro histórico.
Muitas dessas regiões já vêm sendo beneficiadas por outras iniciativas, e o Monumenta dará prosseguimento a elas, em alguns casos
as concluirá e, em todos, instalará
os Fundos Locais de Preservação,
que cuidarão da sua manutenção.
Este é o maior investimento realizado em patrimônio histórico de
uma só vez no país desde que, em
1938, foram criadas as primeiras
leis com o objetivo de preservá-lo.
A assinatura da ata final encerra
ciclo de três anos de negociações
entre o governo do Brasil e o BID.
Depois dela, restará apenas a
aprovação do projeto pela diretoria do Banco para que o dinheiro
seja liberado. O empréstimo do
BID será pago em 20 anos com taxas de juros de 6,5% ao ano.
A assinatura se dará durante a
reunião anual dos governadores
do BID, que começa no dia 12.
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