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MÚSICA/CRÍTICA
Parker balança platéia com funk retrô
SÉRGIO MALBERGIER
EDITOR DE MUNDO
A família real do funk esteve
em Sampa anteontem. Maceo Parker, o saxofone de James
Brown, trouxe sua trupe funky-pop 60's-70's-80's-90's para a platéia 00's quase toda branca do
Olympia.
Por equívoco da organização, o
show só pegou fogo depois da
quinta ou sexta música. Até então,
a maioria da platéia estava presa a
mesas, quando o ideal teria sido
um show de platéia de pé logo de
cara, para aproveitar o funk do
começo. Mas, como Maceo é famoso também pela longevidade
de seus shows, de três horas em
média, deu tempo de sobra para
sacolejar.
É um funk bem diferente do que
ocorre no Rio, sem dança da cadeira e tribos divergentes. Anteontem só rolaram corpos balançando à moda antiga, retrôs, convergentes. Maceo parou no tempo
mágico do funk que ele ajudou a
inventar. Fez a platéia balançar
(depois de viradas as mesas), sorridente, como se São Paulo fosse
uma rua escura de um gueto negro da Carolina do Norte, onde
nasceu, em 1943.
Na faculdade, entrou para a
banda do pai do soul, graças ao irmão baterista. E compôs parte da
sonoridade de uma das maiores
bandas funk da história -a de
Brown (todos já ouviram seus solos em "I Feel Good" e "Sex Machine")- e depois das seminais
Parliament e Funkadelic.
Um dos apogeus do show foi a
versão de "The Closer I Get to
You", hit romântico que embalou
propaganda de cigarro no final do
século 20, com todos de mãos para cima, entregues. Maceo é isso,
um museu vibrante, tendo tocado
com Brown, Prince, De La Soul,
Jane's Adiction, parece querer
sintetizar tudo nos longos shows,
uma entrada que deu direito até a
passos de Bruce Lee, por um backing vocal que era a cara do
Cauby Peixoto, e solos vocais hip-hop do filho Corey Parker, que, de
touca negra, calça larga e malha
comprida, destoava do figurino
terno e gravata do pai, mas também um negro todo de negro, rebolando para uma platéia quase
toda branca, que rebolava também.
Algumas moças rebolavam tanto, em transe funky, quanto os
Parker. Alguns da platéia não se
contiveram e subiram ao palco
para dançar. Foi uma confraternização funky, aberta por embaixadores locais do estilo, o Funk Como le Gusta e sua musa Paula Lima, e finalizada por um pot-pourri básico misturando Bob Marley,
Marvin Gaye e Prince. Só uma
coisa uniu tudo, o funk, conduzido pelo mestre Maceo.
Avaliação:
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