São Paulo, sexta-feira, 06 de abril de 2001

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CRÍTICA

Dedicação ao trabalho era medida por número de mortos

RICARDO BONALUME NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Dois personagens importantes de "Círculo de Fogo", os camaradas Nikita Kruschov e Vassili Zaitsev, de fato existiram e participaram da batalha de Stalingrado, lutada de 23 de agosto de 1942 a 2 de fevereiro de 1943, ponto de virada da Segunda Guerra.
Kruschov era comissário político e se tornou o sucessor de Josef Stálin como o líder supremo da União Soviética. Seu papel na batalha foi importante, mas não chegou a ter os poderes que o filme mostra. Generais competentes dirigiram a defesa da cidade e Kruschov se dava bem com eles.
Zaitsev era uma espécie de operário padrão do combate, a versão militar do movimento stacanovista. Na década de 30, Alexandre Stacanov deu seu nome a um movimento explorado pela propaganda soviética de dedicação ao trabalho, medido pela quebra de recordes na produção de carvão. Vassili Zaitsev deu início a um movimento semelhante, o culto ao atirador de tocaia.
A "produção" era medida pelo número de inimigos mortos. A cada 40 mortos, o soldado ganhava uma medalha e o título de "nobre atirador", segundo o historiador britânico Antony Beevor, autor de "Stalingrad" (98).
A palavra russa "zaitsev" quer dizer "lebre". Zaitsev matou 149 alemães até as comemorações da Revolução de Outubro em 42. Ele tornou-se instrutor de atiradores. O recordista, conhecido como "Zikan", matou 224 alemães.


Círculo de Fogo
Enemy at the Gates
   
Direção: Jean-Jacques Annaud
Produção: Alemanha/EUA/Reino Unido/Irlanda, 2001
Com: Joseph Fiennes, Jude Law
Quando: a partir de hoje nos cines Butantã, Interlagos e circuito





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