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COMIDA
Casas encaram o desafio de harmonizar chocolate com uísque, cerveja e vinho; veja dicas de combinação
Em busca do par perfeito
GIULIANA BASTOS
DO GUIA DA FOLHA
Há quem pense que ele é um
solteirão convicto. Irresistível, anda sozinho por aí. Mas atenção: o
chocolate é capaz de se casar muito bem com... bebidas alcoólicas.
E a Páscoa é uma boa época para
encontrar o par perfeito.
Duas casas de São Paulo passaram a oferecer oportunidades de
entrar nesta brincadeira. A primeira é o Clube Chocolate, que,
pelo toque francês de seu chef
Pascal Jolly, incluiu há poucos
meses em seu menu uma sobremesa (a musse de castanhas recheadas com crème brûlée de uísque e cobertura de chocolate)
acompanhada por uma pequena
dose gelada de uísque Johnnie
Walker Gold Label (R$ 12, a musse com a tacinha). Na Enoteca Fasano, a novidade pode sair cara. A
casa serve o vinho do Porto Vintage Magalhães 2000 (R$ 380, a garrafa, e R$ 10, a taça) para acompanhar a linha de chocolates belgas
da Saint Phylippe, que passou a
oferecer recentemente. Outro que
promove a combinação é o Bar do
Magrão, no qual opções da carta
de cervejas podem ser acompanhadas pela sobremesa Monalisa
(R$ 6).
O uísque escolhido pelo chef
Pascal Jolly, segundo vários especialistas, vai muito bem com chocolate porque é feito com maltes
envelhecidos por mais de 18 anos.
Complexa, a bebida deve ser servida bem gelada e em uma taça fina e alta, como a de champanhe.
O uísque Buchanan's 12 anos
também é uma boa pedida com
chocolate, pois contém mais de 30
maltes descansados por mais de
dez anos, o que confere complexidade, mas ainda suavidade à bebida. Segundo Beto Ranieri, embaixador da marca no Brasil, seus
aromas mais adocicados tornam
os dois sabores compatíveis.
Cerveja e vinho
Para a maioria dos brasileiros,
ainda pode parecer bastante incomum a utilização da cerveja em
degustações harmonizadas. A
parceria com chocolate, então,
chega soar bizarra. Mas os gourmets cervejeiros têm apreciado
cada dia mais essa interessante
mistura.
O especialista em cervejas Xavier Depuydt alerta que não é simples mesclar cervejas com chocolate. O ideal é seguir a trilha das
cervejas mais encorpadas e escuras, que apresentem potência parelha à do doce de cacau.
Exemplos são as do tipo stout,
como a irlandesa Guinness Special Export e a artesanal de Campos do Jordão, Baden Baden. "O
tostado da cevada desenvolve
aromas semelhantes aos do chocolate e do café, daí a combinação", explica o mestre-cervejeiro
americano Garrett Oliver. Ele indica também as belgas frutadas,
como a Rochefort 8 e a Golden
Carolus Easter.
Já a combinação de chocolate
com vinho é mais desafiadora para os especialistas. A tradicional
bebida de uva parece não se acostumar aos intensos taninos, ao
amargor do cacau e à oleosidade
do doce. Ângelo Fornara, sommelier da Expand, explica que para casar com bombons e sobremesas de chocolate é preciso um
parceiro "ponta firme" como os
vinhos fortificados (vinho do Porto, Jerez, Marsala e Muscat).
O enófilo Rodrigo Mainardi sugere ainda a combinação de chocolate meio-amargo com alguns
vinhos feitos com a uva shiraz, de
preferências os de origem australiana. "De fruta bem doce e teor
alcoólico elevado, são bem redondos e macios, bons com chocolates não muito doces", afirma.
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