São Paulo, quinta-feira, 06 de abril de 2006

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COMIDA

Casas encaram o desafio de harmonizar chocolate com uísque, cerveja e vinho; veja dicas de combinação

Em busca do par perfeito

GIULIANA BASTOS
DO GUIA DA FOLHA

Há quem pense que ele é um solteirão convicto. Irresistível, anda sozinho por aí. Mas atenção: o chocolate é capaz de se casar muito bem com... bebidas alcoólicas. E a Páscoa é uma boa época para encontrar o par perfeito.
Duas casas de São Paulo passaram a oferecer oportunidades de entrar nesta brincadeira. A primeira é o Clube Chocolate, que, pelo toque francês de seu chef Pascal Jolly, incluiu há poucos meses em seu menu uma sobremesa (a musse de castanhas recheadas com crème brûlée de uísque e cobertura de chocolate) acompanhada por uma pequena dose gelada de uísque Johnnie Walker Gold Label (R$ 12, a musse com a tacinha). Na Enoteca Fasano, a novidade pode sair cara. A casa serve o vinho do Porto Vintage Magalhães 2000 (R$ 380, a garrafa, e R$ 10, a taça) para acompanhar a linha de chocolates belgas da Saint Phylippe, que passou a oferecer recentemente. Outro que promove a combinação é o Bar do Magrão, no qual opções da carta de cervejas podem ser acompanhadas pela sobremesa Monalisa (R$ 6).
O uísque escolhido pelo chef Pascal Jolly, segundo vários especialistas, vai muito bem com chocolate porque é feito com maltes envelhecidos por mais de 18 anos. Complexa, a bebida deve ser servida bem gelada e em uma taça fina e alta, como a de champanhe.
O uísque Buchanan's 12 anos também é uma boa pedida com chocolate, pois contém mais de 30 maltes descansados por mais de dez anos, o que confere complexidade, mas ainda suavidade à bebida. Segundo Beto Ranieri, embaixador da marca no Brasil, seus aromas mais adocicados tornam os dois sabores compatíveis.

Cerveja e vinho
Para a maioria dos brasileiros, ainda pode parecer bastante incomum a utilização da cerveja em degustações harmonizadas. A parceria com chocolate, então, chega soar bizarra. Mas os gourmets cervejeiros têm apreciado cada dia mais essa interessante mistura.
O especialista em cervejas Xavier Depuydt alerta que não é simples mesclar cervejas com chocolate. O ideal é seguir a trilha das cervejas mais encorpadas e escuras, que apresentem potência parelha à do doce de cacau.
Exemplos são as do tipo stout, como a irlandesa Guinness Special Export e a artesanal de Campos do Jordão, Baden Baden. "O tostado da cevada desenvolve aromas semelhantes aos do chocolate e do café, daí a combinação", explica o mestre-cervejeiro americano Garrett Oliver. Ele indica também as belgas frutadas, como a Rochefort 8 e a Golden Carolus Easter.
Já a combinação de chocolate com vinho é mais desafiadora para os especialistas. A tradicional bebida de uva parece não se acostumar aos intensos taninos, ao amargor do cacau e à oleosidade do doce. Ângelo Fornara, sommelier da Expand, explica que para casar com bombons e sobremesas de chocolate é preciso um parceiro "ponta firme" como os vinhos fortificados (vinho do Porto, Jerez, Marsala e Muscat).
O enófilo Rodrigo Mainardi sugere ainda a combinação de chocolate meio-amargo com alguns vinhos feitos com a uva shiraz, de preferências os de origem australiana. "De fruta bem doce e teor alcoólico elevado, são bem redondos e macios, bons com chocolates não muito doces", afirma.


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