São Paulo, sexta-feira, 06 de abril de 2007

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"O Último Beijo"

Diretor de TV atrapalha leveza de remake

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

A adolescência não acontece apenas uma vez na vida. Ela muda de nome (passa a se chamar crise) e ocorre de tempos em tempos, quando se avança uma década de existência.
A confusão é particularmente gritante em "O Último Beijo" (remake do filme italiano de 2001). Nele, Zach Braff vive Michael, bem-sucedido arquiteto que embarca na crise dos 30.
Ele tem uma namorada linda e inteligente, que está grávida dele. Seu emprego é ótimo e seus amigos continuam legais. Mas Michael está infeliz. Com tudo tão perfeito, qual surpresa a vida irá me reservar se tudo está tão estabelecido? Esta é a pergunta que o atormenta.
Ao chegar aos 30 anos, Michael teme enterrar um mundo de possibilidades ilimitadas, que povoam o imaginário dos 20 e poucos. Quando conhece uma insinuante estudante, ele irá se lembrar do período de alegrias e roubadas -festas em repúblicas, sexo em quartinhos e bebedeiras irresponsáveis.
Se o ponto de partida é promissor, o desenvolvimento é o mais conservador possível. O diretor Tony Goldwyn usa um inoportuno background de séries de TV (dirigiu episódios de "L Word" e "Grey's Anatomy") e não consegue desenvolver personagens e subtramas.
Já o roteirista Paul Haggis parece manter a tensão e a gritaria do péssimo "Crash" como padrão. Mal sabe ele que tantos semblantes amarrados não são sinônimo de profundidade. São cômicos, bem o contrário do que um longa de tema sutil como este requer. Mas, quando se permite a leveza, é um filme OK para ver no sofá de casa.


O ÚLTIMO BEIJO
Direção:
Tony Goldwyn
Produção: EUA, 2006
Com: Zach Braff, Jacinda Barrett, Tom Wilkinson, Blythe Danner
Quando: a partir de hoje nos cines Jardim Sul e circuito
Avaliação: regular


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