|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"O Último Beijo"
Diretor de TV atrapalha leveza de remake
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL
A adolescência não acontece apenas uma vez na
vida. Ela muda de nome
(passa a se chamar crise) e
ocorre de tempos em tempos,
quando se avança uma década
de existência.
A confusão é particularmente gritante em "O Último Beijo"
(remake do filme italiano de
2001). Nele, Zach Braff vive Michael, bem-sucedido arquiteto
que embarca na crise dos 30.
Ele tem uma namorada linda
e inteligente, que está grávida
dele. Seu emprego é ótimo e
seus amigos continuam legais.
Mas Michael está infeliz. Com
tudo tão perfeito, qual surpresa
a vida irá me reservar se tudo
está tão estabelecido? Esta é a
pergunta que o atormenta.
Ao chegar aos 30 anos, Michael teme enterrar um mundo
de possibilidades ilimitadas,
que povoam o imaginário dos
20 e poucos. Quando conhece
uma insinuante estudante, ele
irá se lembrar do período de
alegrias e roubadas -festas em
repúblicas, sexo em quartinhos
e bebedeiras irresponsáveis.
Se o ponto de partida é promissor, o desenvolvimento é o
mais conservador possível. O
diretor Tony Goldwyn usa um
inoportuno background de séries de TV (dirigiu episódios de
"L Word" e "Grey's Anatomy")
e não consegue desenvolver
personagens e subtramas.
Já o roteirista Paul Haggis
parece manter a tensão e a gritaria do péssimo "Crash" como
padrão. Mal sabe ele que tantos
semblantes amarrados não são
sinônimo de profundidade. São
cômicos, bem o contrário do
que um longa de tema sutil como este requer. Mas, quando se
permite a leveza, é um filme OK
para ver no sofá de casa.
O ÚLTIMO BEIJO
Direção: Tony Goldwyn
Produção: EUA, 2006
Com: Zach Braff, Jacinda Barrett,
Tom Wilkinson, Blythe Danner
Quando: a partir de hoje nos cines
Jardim Sul e circuito
Avaliação: regular
Texto Anterior: Cinema/estréias - Crítica/"Uma Juventude como Nenhuma Outra": Longa explora obsessão por segurança Próximo Texto: Série de TV: "The Office" ri de dramas corporativos Índice
|