São Paulo, segunda, 6 de abril de 1998

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"A" de poesia

HELOISA SEIXAS

Estava de pé, na esquina, esperando. De mau humor. Detestava esperar. Baixou a vista, com um suspiro de irritação, e foi quando seu olhar pousou nas pedras portuguesas que pisava. Estava de pé sobre um A. Curiosa, deu dois passos atrás e viu que a letra fazia parte de uma palavra: Absoluta. Só então lembrou-se que estava na esquina onde vivera o poeta Drummond, cujos versos estão ali inscritos no chão. Afastando-se, leu a frase inteira. Seu dia então, num segundo, ficou cheio de luz: Vontade de cantar, mas tão absoluta, que me calo, repleto.



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