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TELEVISÃO
Caso de amor da Globo pede um bom livro
TELMO MARTINO
Colunista da Folha
A notícia nos dava conta de que
a temporada começaria com a
transmissão do "Sai de Baixo" ao
vivo. Uma afirmação, no mínimo, duvidosa. Sempre uma comédia de erros, como localizar a
verdade? Talvez porque a Cassandra da Aracy Balabanian
precisou de uns curativos na cara
para marcar sua presença? Nem
tanto. Se não for como saco de
pancadas, como usá-la até quando gravada?
O programa, não importa a forma, será, apesar das inevitáveis
escalas, uma ego-trip do Miguel
Falabella, dessa vez com direito a
uma rápida visita a Robin Hood
ou Hollywod, de acordo com a
preferência do momento, para receber seu Oscar das mãos da Sharon Stone que o Tom Cavalcante
(sempre numa invenção) entregou. De casaca (Falabella sempre
na busca de luxo e riqueza de
uma anti-Amélia), ele se mostrou
muito feliz, sem um pensamento
para a tristeza que a cena poderia provocar em toda a família
Barreto. E no desperdício da Rita
Lee tão exuberante ao seu lado.
Infinitamente muito mais
atraente do que as possíveis celebridades que a Renata Ceribelli
(alguém lá em cima gosta dela?)
resolveu entrevistar nos intervalos: o monossilábico Casagrande,
a funcionária Deborah Bloch, o
Milton Nascimento de smoking
(a rigor ou a serviço? Músico é
sempre uma dúvida) e o Clodovil,
que contribuiu com uma piada.
"Quando o Tom me imita, estou
na Globo. Quem não quer estar
lá?" Ele mais do que ninguém.
A casaca era o traje que Caco
Antibes usaria para jantar no Titanic. Magda seria um Kate
Winslet de pés-de-pato de cores
distantes e, alvíssaras, Tom Cavalcante seria o Ribamardo DiCaprio, com uma peruca loura e
uma dentadura capaz de cintilar
ao brilho da primeira estrela que
iluminasse a proa do navio.
Tom Cavalcanti teria muitos
traços em seu humor para enriquecer a caricatura. Mas o programa é um corre-corre de vaidades. Se possível mostrando as coxas, a Magda da Marisa Orth tem
que anunciar a "idéia genital"
que lhe ocorreu, traduzir "a hot
day" por arrotei, trocar grinalda
por granada e imitar a estrela
Lassie após tomar um lexotan.
Vavá, o dono da casa, quer ganhar um dinheirinho filmando
casamentos. Sua câmera acaba
fotografando filmes pornô, com
Aracy Balabanian tomando banho de chuveiro. Mesmo ao vivo,
dava para exibir o vídeo. Caco
Antibes quer dizer outra vez que
odeia pobre. Pobre flutua. Rico
afunda, afogado pelo peso do Rolex. E a srta. Ceribelli ainda quer
entrevistar o Daniel. De quê?
Se é esse o caso de amor que a
Globo propõe, alguém sabe de um
bom livro?
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