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Reforma do Museu do Ceará
inclui bode em seu acervo
PAULO MOTA
da Agência Folha, em Fortaleza
"Quem não tem ornitorrinco reverencia um bode." Foi com esse
slogan que o Museu do Ceará reabriu suas portas na última quarta-feira, em Fortaleza, trazendo
um bode empalhado como uma
das atrações de um acervo de 5.830
peças.
O caprino em questão é o bode
Ioiô, figura histórica do Ceará, que
viveu em Fortaleza entre 1915 e
1930 e tornou-se um dos símbolos
do espírito moleque e irreverente
que os cearenses acreditam ter.
Trazido para Fortaleza por retirantes da famosa seca que assolou
o Estado em 1915, o bode Ioiô foi
adotado como uma espécie de talismã da cidade, participando de
solenidades públicas e dos principais eventos do cotidiano fortalezense.
A popularidade do bode Ioiô era
tão grande que, quando morreu,
teve seu corpo empalhado por iniciativa dos moradores.
O corpo de Ioiô está na entrada
da seção "Ceará Moleque", uma
das oito unidades temáticas do
museu.
Com um projeto museográfico
assinado pela arquiteta Gisela Magalhães, o Museu do Ceará funciona desde 1933 no prédio da antiga
Assembléia Provincial do Estado,
construído no século passado.
A reforma consumiu R$ 700 mil
e dotou o prédio de uma estrutura
de climatização, iluminação especial e novo acervo. Os recursos foram bancados pelo governo do
Ceará e Ministério da Cultura.
A diretora do Museu, Valéria
Rolim, diz que o espaço da instituição foi organizado em seções
temáticas, representando elementos da constituição histórica e antropológica do Ceará.
"Nossa idéia é traduzir o Ceará
em todas as suas matizes", diz Rolim.
Batinas do padre Cícero Romão
Batista, bastões usados pelo cearense Antônio Conselheiro -fundador da comunidade de Canudos
(BA) e documentos sobre a "Canudos cearense", como é conhecida a comunidade de Caldeirão, liderada pelo beato José Lourenço,
fazem parte da seção "Religião Popular".
Uma das unidades mais visitadas
pelo público antes da reforma do
museu era a de "Paleontologia do
Ceará", que reúne fósseis animais
e vegetais da região do Cariri, considerado um dos principais sítios
arqueológico do mundo.
A reabertura do museu coincide
com a inauguração de um espaço
para mostras temporárias, que estréia com uma coletânea de 50 autores sobre o tema jangada, um
dos símbolos Ceará.
Entre os expositores estão o escultor Sérvulo Esmeraldo e os pintores Antônio Bandeira, Raimundo Cela e Aldemir Martins.
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