São Paulo, segunda, 6 de abril de 1998

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Reforma do Museu do Ceará inclui bode em seu acervo

PAULO MOTA
da Agência Folha, em Fortaleza

"Quem não tem ornitorrinco reverencia um bode." Foi com esse slogan que o Museu do Ceará reabriu suas portas na última quarta-feira, em Fortaleza, trazendo um bode empalhado como uma das atrações de um acervo de 5.830 peças.
O caprino em questão é o bode Ioiô, figura histórica do Ceará, que viveu em Fortaleza entre 1915 e 1930 e tornou-se um dos símbolos do espírito moleque e irreverente que os cearenses acreditam ter.
Trazido para Fortaleza por retirantes da famosa seca que assolou o Estado em 1915, o bode Ioiô foi adotado como uma espécie de talismã da cidade, participando de solenidades públicas e dos principais eventos do cotidiano fortalezense.
A popularidade do bode Ioiô era tão grande que, quando morreu, teve seu corpo empalhado por iniciativa dos moradores.
O corpo de Ioiô está na entrada da seção "Ceará Moleque", uma das oito unidades temáticas do museu.
Com um projeto museográfico assinado pela arquiteta Gisela Magalhães, o Museu do Ceará funciona desde 1933 no prédio da antiga Assembléia Provincial do Estado, construído no século passado.
A reforma consumiu R$ 700 mil e dotou o prédio de uma estrutura de climatização, iluminação especial e novo acervo. Os recursos foram bancados pelo governo do Ceará e Ministério da Cultura.
A diretora do Museu, Valéria Rolim, diz que o espaço da instituição foi organizado em seções temáticas, representando elementos da constituição histórica e antropológica do Ceará.
"Nossa idéia é traduzir o Ceará em todas as suas matizes", diz Rolim.
Batinas do padre Cícero Romão Batista, bastões usados pelo cearense Antônio Conselheiro -fundador da comunidade de Canudos (BA) e documentos sobre a "Canudos cearense", como é conhecida a comunidade de Caldeirão, liderada pelo beato José Lourenço, fazem parte da seção "Religião Popular".
Uma das unidades mais visitadas pelo público antes da reforma do museu era a de "Paleontologia do Ceará", que reúne fósseis animais e vegetais da região do Cariri, considerado um dos principais sítios arqueológico do mundo.
A reabertura do museu coincide com a inauguração de um espaço para mostras temporárias, que estréia com uma coletânea de 50 autores sobre o tema jangada, um dos símbolos Ceará.
Entre os expositores estão o escultor Sérvulo Esmeraldo e os pintores Antônio Bandeira, Raimundo Cela e Aldemir Martins.



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