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FOTOGRAFIA
Panará são
conduzidas pela
antropóloga
Valéria Parise para
acampamento da
Funai, em foto que
integra o livro
"Panará - A Volta
dos Índios
Gigantes"
Livro retoma saga de "índios gigantes"
EDER CHIODETTO
Editor-adjunto de Fotografia
De repente, um estrondo. Um
agouro. Em seguida, uma falsa estrela cadente rasgou o céu sobre a
aldeia dos índios Panarás, que rapidamente se armaram de arcos e
flechas para combater o invasor.
Não o atingiram. Nesse momento,
sem saber, trocavam a condição
de caçadores pela de caça.
O ano era 1967, e a falsa estrela,
um avião A-19, de onde o sertanista Claudio Villas Bôas comandava
uma expedição com a intenção de
pacificar (?) os índios Panarás, ou
Kranhacãrore, ou ainda índios gigantes, já que alguns tinham estatura superior a dois metros.
O local era a divisa entre os Estados do Pará e Mato Grosso, onde
urgia a necessidade de construir
uma estrada que ligasse o Brasil
central ao rio Amazonas e ao mar,
a rodovia Cuiabá-Santarém. Era
preciso fazer contato com os Panarás e prepará-los para o encontro inevitável com o homem branco. Era o milagre econômico brasileiro se expandindo pelo mapa.
O livro "Panará - A Volta dos Índios Gigantes", que está sendo
lançado hoje no Sesc Pompéia, em
São Paulo, traz essa saga narrada
pelos jornalistas Ricardo Arnt, Lúcio Flávio Pinto, Raimundo José
Pinto e com fotografias de Pedro
Martinelli, que acompanhou a expedição nos anos 70, quando foi
realizado o primeiro contato com
os índios, e voltou a encontrar os
Panarás em 1995.
Desde a primeira visão que a expedição teve dos Panarás, naquele
sobrevôo de 1967, até o primeiro
contato, em 1973, a história da
perseguição aguçou a curiosidade
da imprensa mundial. Os Panarás
bem que tentaram evitar esse primeiro contato, provavelmente
porque tinham a percepção do que
lhes aconteceria. Durante esses
seis anos, mudaram inúmeras vezes a localização da aldeia.
Mas o destino estava selado.
Dois anos após o fatídico dia em
que os Panarás permitiram a aproximação, seduzidos pelos presentes deixados pelo caminho, a tribo, estimada em 600 índios, já havia se reduzido a 79.
Vitimados pela gripe, diarréia e
brigas internas, esses poucos que
restaram foram transferidos para
o Parque Indígena do Xingu. Apenas 25 anos mais tarde, após conhecerem prostituição, doenças,
fome e mendicância, conseguiriam retornar para sua terra original. A falsa estrela cadente, de fato, era um péssimo presságio.
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