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Meta é eliminar "equívocos de interpretação" na política de patrocínios culturais; ministros mantêm discurso desigual
Lula manda Gil e Gushiken aos artistas
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA SUCURSAL DO RIO
Os ministros da Cultura, Gilberto Gil, e da Secretaria de Comunicação do Governo e Gestão Estratégica, Luiz Gushiken, deverão
promover hoje, no Rio, uma reunião com artistas, para esclarecer
o que o governo federal classifica
como "equívocos de interpretação" sobre a definição da política
de patrocínios das estatais.
Na quarta-feira passada, a Folha publicou que Eletrobrás e
Furnas Centrais Elétricas haviam
oficializado seus critérios para patrocínios culturais. Ambas citam
a exigência de contrapartidas sociais, estabelecem destaque à cultura popular e falam em "sintonia
com a política governamental". A
Eletrobrás exemplifica a "sintonia" com referência ao programa
Fome Zero.
O produtor de cinema Luiz Carlos Barreto e o cineasta Cacá Diegues ("Deus É Brasileiro") classificaram as definições como "dirigismo cultural".
O encontro de Gushiken e Gil
com artistas foi definido ontem,
depois de uma reunião dos dois
ministros com o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
Gil reivindica que o Ministério
da Cultura assuma a coordenação
do tema, que está sob orientação
da Secom, de Gushiken.
A Secom divulgou nota na noite
de ontem reiterando seu papel de
coordenadora dos critérios gerais
da política de patrocínios do governo federal. A nota cita o decreto 3.296 (dezembro de 1999) como amparo legal às funções. Pelo
decreto, patrocínios fazem parte
das ações de comunicação social,
competência da Secom.
No Rio, Gil afirmou que "o fato
de que a formulação de uma política cultural deva ficar com o Ministério da Cultura é uma coisa
que ficou muita clara para nós [na
reunião]. Agora vamos comunicar isso ao setor cultural".
O ministro da Cultura disse que
a política de patrocínios da Eletrobrás não representa, necessariamente, a política que o governo
tem para o setor.
O presidente da Eletrobrás, Luiz
Pinguelli Rosa, afirmou ontem
que se reunirá esta semana com
artistas e que a empresa poderá
modificar o texto de sua "Política
de Apoio a Projetos Culturais",
para afastar interpretações de "dirigismo" nos critérios de seleção
de projetos beneficiados com o
seu patrocínio.
"Se qualquer frase do nosso texto dá margem a essa interpretação, ela será retirada, mas manteremos a nossa linha de estender a
arte a um maior número de pessoas, sem prejuízo da liberdade de
expressão", diz Pinguelli Rosa.
"Concordamos que a arte não
deve ser dirigida. Também não
compartilhamos do dirigismo do
modelo de pensamento único,
que obriga todas as pessoas a pensarem de um certo modo, expondo-as quase ao ridículo quando
discordam desse modo", afirma
Pinguelli Rosa.
Há cinco anos, a Eletrobrás se
mantém entre os três maiores investidores culturais do país. O patrocínio é feito através de renúncia fiscal. Pelo mecanismo, o patrocinador destina parte do Imposto de Renda devido ao financiamento de projeto cultural. De
1997 a 2002, a empresa investiu R$
75,8 milhões em produção cultural, pela Lei Rouanet.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), apresentou
ontem requerimento convocando
o ministro Luiz Gushiken a dar
explicações ao Senado sobre a política de incentivo cultural.
O requerimento teve o apoio do
líder do PFL, José Agripino (RN).
A data da audiência pública não
foi marcada.
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