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EVENTO
Cultura Inglesa começa hoje e apresenta produções de teatro, artes visuais, dança, cinema digital e música eletrônica
Festival dá tom nacional à arte britânica
SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO
De formato mutante ano a ano,
o Cultura Inglesa Festival apresenta a partir de hoje a sua cara
2004, em cuja feição a comunidade britânica figurará como inspiração, e não como a outra ponta
no intercâmbio que vinha sendo
realizado até então com atrações
locais.
Em processo iniciado no final
do ano passado, o evento -que
chega agora à sua oitava edição-
selecionou um total de 15 projetos
brasileiros, entre 197 inscritos,
que utilizaram um total de R$ 300
mil para a realização de projetos
nas áreas de teatro (R$ 28 mil),
curta-metragem digital (R$ 24
mil), dança (R$ 24 mil), artes visuais (R$ 20 mil) e música eletrônica (R$ 5.000).
Há sempre um tema que perpassa as atrações do festival,
exemplos do ano de 1999, centrado em espetáculos de rua britânicos e brasileiros, e de 2002, quando artistas australianos foram a
tônica da programação.
O mote escolhido pela organização do Cultura Inglesa Festival
para 2004 foi a produção contemporânea do Reino Unido -mais
especificamente as artes desenvolvidas nas ilhas durante a segunda metade do século 20.
"Havia diversas idéias, inicialmente chegamos a pensar em ter
[William] Shakespeare como
ponto de referência para as produções, mas o eixo foi mudado
para o contemporâneo por acreditarmos que havia necessidade
de relacionar o festival com o período atual ou próximos dos dias
de hoje", afirma Laerte Mello,
coordenador do evento.
Para esta oitava edição, o conceito do Cultura Inglesa também
explorou o cruzamento entre as
áreas, de forma que os espetáculos de dança foram compostos
com base nas artes plásticas (e foco no período recortado pela
mostra "A Bigger Splash", apresentada há pouco tempo em São
Paulo) e as obras visuais brasileiras, por sua vez, tiraram inspiração na poesia e no pensamento
britânicos.
Entre os trabalhos que serão
apresentados nesses dois campos,
o coreógrafo e bailarino Sandro
Borelli investigou em "Gárgulas"
o conjunto pictórico de Lucian
Freud, marcado pela interpretação das angústias existenciais do
ser humano, e o artista Alberto
Martins elaborou suas esculturas
de madeira e ferro a partir do poema "The Ship of Death", de D.H.
Lawrence (1885-1930), sobre a relação entre corpo e proximidade
da morte.
O teatro, que teve a liberdade de
permanecer dentro de seus domínios, sem avançar para outras
áreas, apresentou produções com
temáticas bastante variadas. "Um
Número", dirigido por Bete Coelho e baseado em texto de Caryl
Churchill, trata da clonagem humana sob a ótica do relacionamento entre pai e filho. Dirigido
por Mario Bortolotto, "Garotas da
Quadra", de Rebecca Prichard,
narra o ambiente da periferia de
Londres a partir de flashbacks de
duas internas de um centro de
reabilitação.
"Mal Secreto - A Vida Amorosa
de Ofélia" é um exercício de imaginação do dramaturgo Steven
Berkoff acerca de uma troca de
cartas fictícia entre dois personagens shakespearianos. O espetáculo é dirigido por Beth Lopes e
tem Clarissa Kiste no elenco.
No campo da música eletrônica,
que serve como chamariz para o
público mais jovem dentro do festival, os projetos tiveram como
guia o drum'n'bass -talvez o ritmo que tem suas batidas mais associadas ao Reino Unido. O coordenador Laerte Mello destaca que
o gênero tem entre suas variantes
um intercâmbio por si só, dada a
influência da música brasileira levada a Londres e a Bristol por DJs
como Marky e Patife.
O cinema aparece pela primeira
vez no festival, representado pelos
curtas-metragens em formato digital. "Quero Ser Jack White"
(Charly Braun), "Rê Rê Rêê Rê"
(João Landi Guimarães) e "A Corrente" (Marcelo Toledo) utilizaram obras da ficção britânica para
compor seus trabalhos.
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