São Paulo, sexta-feira, 06 de maio de 2011

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Mostra exibe artigos de Houdini em LA

Ilusionista húngaro foi mestre nas fugas espetaculares e exímio manipulador das massas no início do século 20

Exposição que vai até setembro traz algemas, correntes e baús usados pelo mágico durante suas performances

FERNANDA EZABELLA
DE LOS ANGELES

O mágico Harry Houdini (1874-1926), mestre das fugas espetaculares, foi também um manipulador exímio das massas e da imprensa no começo do século 20, como mostra uma exposição no Skirball Cultural Center, em Los Angeles, repleta de fotografias, vídeos e artefatos.
Pendurado de ponta-cabeça, amarrado numa camisa de força, ele é rodeado por mais de 80 mil pessoas numa imagem da Times Square, na Nova York de 1915. Em outra, é algemado de cueca, trancado numa caixa de madeira e jogado ao rio.
Para cada uma dessas façanhas ao ar livre, Houdini chegava cercado de jornalistas ou, melhor, organizava suas performances na frente da sede dos jornais. Uma vez, levou o próprio repórter policial para dentro da prisão da qual planejava escapar.
"Deve haver mais histórias sobre Houdini nos jornais do que sobre qualquer outra pessoa no mundo", diz um artigo de 1915.
Houdini se mudou ainda criança, em 1878, de Budapeste para o interior dos EUA por causa do pai, um rabino.
Adolescente, fugiu de casa com o circo, mas voltou. Em 15 anos, passou de artista que fazia US$ 30 por semana e 14 shows por noite ao astro de "vaudeville" mais bem pago do mundo.
"Sua aceitação foi generalizada, apesar das atitudes antissemitas e anti-imigrantes da época", lembra a curadora Brooke Kamin Rapaport, do Skirball.
"Suas fugas de objetos mundanos, como algemas, correntes e baús, tiveram ressonância aos que procuravam libertação de opressão política, ética, religiosa."

CULTO AO ARTISTA
Uma camisa de força e um latão de leite que ele usou (para ser trancado dentro com água) estão na exposição, assim como um barbante cheio de agulhas -que ele engolia- e cartazes coloridos de seus shows.
Alguns deles mostram o período em que Houdini se dedicou a desmascarar fraudes de centros espíritas, em voga nos anos 1920.
O culto a Houdini é apresentado pelas obras de artistas atuais, como um retrato de Vik Muniz e um trecho do vídeo "Cremaster 2", de Matthew Barney, no qual o escritor Norman Mailer (1923-2007) interpreta o mágico.
Astro de alguns filmes e tema de vários outros, a exposição corrige uma das produções de Hollywood, "Houdini" (1953), estrelado por Tony Curtis. Segundo o filme, o mágico teria morrido tentando sair de uma "cela de tortura aquática", cuja réplica está exposta -a original se perdeu num incêndio.
Seu final, aos 52 anos, em 1926, foi mais banal: morreu de peritonite, após levar socos de um estudante na região do apêndice.


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