São Paulo, sexta-feira, 06 de maio de 2011

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CRÍTICA DRAMA

"Não se Pode Viver sem Amor" trata do sobrenatural como as novelas espíritas

RICARDO CALIL
CRÍTICO DA FOLHA

Depois de "A Cor de Seu Destino" (1987), Jorge Durán, roteirista chileno radicado no Brasil, demorou 20 anos para conseguir fazer seu segundo longa como diretor, o belo e subestimado "Proibido Proibir" (2007).
Não foi necessário tanto tempo para o terceiro, "Não se Pode Viver sem Amor". Mas o filme representa, infelizmente, um passo para trás.
"Não se Pode Viver sem Amor" adota o esquema narrativo da moda (de alguns anos atrás): três linhas de ação que convergem no final -modelo que ganhou fama nos filmes roteirizados pelo mexicano Guillermo Arriaga ("21 Gramas" e "Babel").
No Rio, às vésperas do Natal, Roseli (Simone Spoladore) e Gabriel (Victor Navega Motta), um garoto de 10 anos com poderes sobrenaturais, procuram o pai do menino, que os abandonou. O professor Pedro (Ângelo Antônio) precisa decidir entre uma mulher e sua profissão.
E João (Cauã Reymond), um advogado desempregado, vira assaltante para conseguir dinheiro rápido e fugir com Gilda (Fabiula Nascimento), uma dançarina de boate. As trajetórias de todos irão se entrelaçar.
O filme traz a associação entre o estado de espírito dos personagens e a arquitetura do centro do Rio, decadente, mas vital, onde se passa a maior parte da ação -cenário esquecido pelos obcecados por praias e favelas.
A fragilidade de "Não se Pode Viver sem Amor" se revela nos momentos em que abandona o realismo e se aventura pelo sobrenatural.
O elemento deveria fazer a ponte entre as histórias e oferecer frescor a um desgastado modelo narrativo. Mas o entrecho mediúnico -com episódios que lembram certas novelas espíritas da Globo- desequilibra e enfraquece o conjunto.

NÃO SE PODE VIVER SEM AMOR

DIREÇÃO Jorge Durán
PRODUÇÃO Brasil, 2010
COM Cauã Reymond, Ângelo Antônio e Simone Spoladore
ONDE nos cines Frei Caneca, Reserva Cultural e circuito
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO regular


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