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MÚSICA
Artista apresenta inédita com Cazuza e inaugura parceria com Erasmo
Frejat insiste no solo com rock'n'roll básico e amor
DA REPORTAGEM LOCAL
O cantor e compositor carioca
Frejat, 41, usa os termos "amor" e
"rock'n'roll básico" como elementos da equação principal de
seu segundo álbum solo, "Sobre
Nós 2 e o Resto do Mundo".
Casado há 16 anos e ainda líder
do grupo Barão Vermelho (que
existe há 21 anos), ele justifica o
fato de o disco falar de amor o
tempo todo: "Destacar o dia-a-dia
do sentimento, para mim, reforça
uma visão humanista, ainda mais
hoje em dia, quando vivemos no
meio de música eletrônica, informática, cibernética...".
Daí chega à opção pelo rock direto, de guitarra, baixo e bateria,
mais alguns teclados e percussões. "Este disco é um pouco mais
roqueiro que o anterior. A instrumentação é mais simples, mais
contida, menos complexa", diz.
Frejat justifica a equação sem
rodeios: "É minha tentativa de encontrar a forma mais precisa e
concisa de dar meu recado. Tenho tentado chegar à perfeição
disso".
A fórmula se reaproxima da do
Barão Vermelho, cujos integrantes aparecem em várias faixas do
CD. Mas Frejat diz que o resultado é completamente diferente do
de um trabalho de banda, "até
porque dificilmente eles aparecem tocando juntos em alguma
faixa".
Explica, então, por que o Barão
permanece de molho, embora a
idéia inicial fosse retomá-lo após
seu primeiro disco solo, "Amor
pra Recomeçar" (2001). Tem a ver
com a surpresa que diz ter tido
com a resposta positiva conquistada na primeira aventura solo.
"Aí percebi que íamos ter que
esperar mais um tempo, para fazer um próximo disco do Barão.
Reuni todo mundo, expliquei, falei que teria que fazer mais um
disco antes. Eles entenderam."
Segundo ele, o novo compromisso é que a banda se reúna para
um disco só de canções inéditas
em 2004. "A gente já contou muita história. Para a banda sobreviver de maneira digna e consistente a gente tem que ter esse espaço,
essas pausas."
Prova de que o Barão não é passado está em Frejat ter buscado
no baú mais uma parceria inédita
entre ele e o primeiro líder da
banda, Cazuza (1958-90).
"Trapaça da Dor", segundo ele,
pertence a uma das primeiras safras da dupla Cazuza-Frejat, datada de 83 ou 84.
Ele admite que sente a pressão e
a expectativa de que volta e meia
surjam novas inéditas de Cazuza
-"as pessoas acham o tempo todo que tenho um baú cheio de
músicas com ele".
Mas recusa algum teor de oportunismo comercial em vez por
outra encontrá-las, mesmo assim.
"Resisto um pouco à idéia de ir lá
procurar. No disco anterior não
gravei nenhuma inédita dele."
Erasmo Carlos
Parceria mais inesperada no CD
de Frejat é a de "Paz Nunca Mais",
com o roqueiro-pai Erasmo Carlos. "Um dia cheguei até ele e
brinquei que estava morto de ciúme porque fez uma música com
Max de Castro, que chegou aí
muito depois de mim." Diz que
Erasmo puxou uma letra do bolso
-já estava fazendo, para ele.
Frejat musicou em rock básico a
letra do parceiro inseparável de
Roberto Carlos, que brinca com
uma briga entre "o compositor",
que vinha contando uma historinha de amor, e "o cantor", que
vem reclamar que não aceitará
um final infeliz na canção.
"Essa parte era uma ruptura
com a história, quando o cantor
percebe que a coisa vai acabar mal
e decide intervir. Vi que pedia
uma ruptura harmônica."
Ali a melodia pára, e Frejat começa a declamar: "Por favor,
compositor, eu sou apenas o cantor, mas... Devo interferir na trama". A canção volta e termina insinuando um "felizes para sempre", o mesmo que Frejat reivindica para o amor, o rock, o Barão
Vermelho e o artista solo.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
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