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São Paulo, sexta-feira, 06 de junho de 2003

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MÚSICA

Artista apresenta inédita com Cazuza e inaugura parceria com Erasmo

Frejat insiste no solo com rock'n'roll básico e amor

DA REPORTAGEM LOCAL

O cantor e compositor carioca Frejat, 41, usa os termos "amor" e "rock'n'roll básico" como elementos da equação principal de seu segundo álbum solo, "Sobre Nós 2 e o Resto do Mundo".
Casado há 16 anos e ainda líder do grupo Barão Vermelho (que existe há 21 anos), ele justifica o fato de o disco falar de amor o tempo todo: "Destacar o dia-a-dia do sentimento, para mim, reforça uma visão humanista, ainda mais hoje em dia, quando vivemos no meio de música eletrônica, informática, cibernética...".
Daí chega à opção pelo rock direto, de guitarra, baixo e bateria, mais alguns teclados e percussões. "Este disco é um pouco mais roqueiro que o anterior. A instrumentação é mais simples, mais contida, menos complexa", diz.
Frejat justifica a equação sem rodeios: "É minha tentativa de encontrar a forma mais precisa e concisa de dar meu recado. Tenho tentado chegar à perfeição disso".
A fórmula se reaproxima da do Barão Vermelho, cujos integrantes aparecem em várias faixas do CD. Mas Frejat diz que o resultado é completamente diferente do de um trabalho de banda, "até porque dificilmente eles aparecem tocando juntos em alguma faixa".
Explica, então, por que o Barão permanece de molho, embora a idéia inicial fosse retomá-lo após seu primeiro disco solo, "Amor pra Recomeçar" (2001). Tem a ver com a surpresa que diz ter tido com a resposta positiva conquistada na primeira aventura solo.
"Aí percebi que íamos ter que esperar mais um tempo, para fazer um próximo disco do Barão. Reuni todo mundo, expliquei, falei que teria que fazer mais um disco antes. Eles entenderam."
Segundo ele, o novo compromisso é que a banda se reúna para um disco só de canções inéditas em 2004. "A gente já contou muita história. Para a banda sobreviver de maneira digna e consistente a gente tem que ter esse espaço, essas pausas."
Prova de que o Barão não é passado está em Frejat ter buscado no baú mais uma parceria inédita entre ele e o primeiro líder da banda, Cazuza (1958-90).
"Trapaça da Dor", segundo ele, pertence a uma das primeiras safras da dupla Cazuza-Frejat, datada de 83 ou 84.
Ele admite que sente a pressão e a expectativa de que volta e meia surjam novas inéditas de Cazuza -"as pessoas acham o tempo todo que tenho um baú cheio de músicas com ele".
Mas recusa algum teor de oportunismo comercial em vez por outra encontrá-las, mesmo assim. "Resisto um pouco à idéia de ir lá procurar. No disco anterior não gravei nenhuma inédita dele."

Erasmo Carlos
Parceria mais inesperada no CD de Frejat é a de "Paz Nunca Mais", com o roqueiro-pai Erasmo Carlos. "Um dia cheguei até ele e brinquei que estava morto de ciúme porque fez uma música com Max de Castro, que chegou aí muito depois de mim." Diz que Erasmo puxou uma letra do bolso -já estava fazendo, para ele.
Frejat musicou em rock básico a letra do parceiro inseparável de Roberto Carlos, que brinca com uma briga entre "o compositor", que vinha contando uma historinha de amor, e "o cantor", que vem reclamar que não aceitará um final infeliz na canção.
"Essa parte era uma ruptura com a história, quando o cantor percebe que a coisa vai acabar mal e decide intervir. Vi que pedia uma ruptura harmônica."
Ali a melodia pára, e Frejat começa a declamar: "Por favor, compositor, eu sou apenas o cantor, mas... Devo interferir na trama". A canção volta e termina insinuando um "felizes para sempre", o mesmo que Frejat reivindica para o amor, o rock, o Barão Vermelho e o artista solo.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)


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