São Paulo, quinta-feira, 06 de julho de 2000


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Hornby faz livros para ouvir

LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

A importância da obra do inglês Nick Hornby para as recentes literaturas, britânica e mundial, pode ser aferida pelo impacto que seu primeiro romance causou na cultura pop.
De livro com vocação para entreter adolescentes de 30 e poucos anos, "Alta Fidelidade" (editora Rocco) foi parar na seção de best sellers. Tempos depois, chegava a Hollywood em filme homônimo (no Brasil em outubro). Agora é a vez da dramaturgia brasileira dar corpo ao personagem de Nick Hornby, tão obcecado por pop que não consegue dissociá-lo de sua própria vida.
À época, "Alta Fidelidade" inaugurou na literatura britânica uma espécie de romance para ouvir, convidando a volumosa garotada consumidora de música pop a gastar seu dinheiro também em um livro. É praticamente impossível ler Nick Hornby sem recorrer ao toca-discos.
Hornby expõe sem dó o pensamento titubeante de um sujeito qualquer que sobrevive às portas do século 21. Do tipo que se recusa a largar as manias típicas de um adolescente, mesmo aos 36 anos.
À Folha, em 1997, Hornby justificou que a vida moderna traz maneiras de esticar a adolescência até mais que os 30 anos. "Como não precisamos decidir sobre as coisas muito rápido -podemos ter filhos e escolher a carreira mais tarde-, não precisamos crescer", disse o autor inglês.
Hornby continua por aí, propagando seu amor ao pop. Depois de "Alta Fidelidade", fez a morte de Kurt Cobain transformar completamente a vida de um menino em "Um Grande Garoto" (que a Rocco lançou aqui neste ano).
Recentemente, contribuiu para a revista "New Yorker" com um texto apaixonado sobre uma cantora, Aimee Mann. Começou o artigo espinafrando roqueiros que propagam que o gênero está morto, sujeitos que largam a vida pop para depois dar entrevistas dizendo que agora o bacana é escutar jazz e erudito russo.


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