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Hornby faz livros para ouvir
LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
A importância da obra do inglês
Nick Hornby para as recentes literaturas, britânica e mundial, pode
ser aferida pelo impacto que seu
primeiro romance causou na cultura pop.
De livro com vocação para entreter adolescentes de 30 e poucos
anos, "Alta Fidelidade" (editora
Rocco) foi parar na seção de best
sellers. Tempos depois, chegava a
Hollywood em filme homônimo
(no Brasil em outubro). Agora é a
vez da dramaturgia brasileira dar
corpo ao personagem de Nick
Hornby, tão obcecado por pop
que não consegue dissociá-lo de
sua própria vida.
À época, "Alta Fidelidade"
inaugurou na literatura britânica
uma espécie de romance para ouvir, convidando a volumosa garotada consumidora de música pop
a gastar seu dinheiro também em
um livro. É praticamente impossível ler Nick Hornby sem recorrer ao toca-discos.
Hornby expõe sem dó o pensamento titubeante de um sujeito
qualquer que sobrevive às portas
do século 21. Do tipo que se recusa a largar as manias típicas de um
adolescente, mesmo aos 36 anos.
À Folha, em 1997, Hornby justificou que a vida moderna traz
maneiras de esticar a adolescência até mais que os 30 anos. "Como não precisamos decidir sobre
as coisas muito rápido -podemos ter filhos e escolher a carreira
mais tarde-, não precisamos
crescer", disse o autor inglês.
Hornby continua por aí, propagando seu amor ao pop. Depois
de "Alta Fidelidade", fez a morte
de Kurt Cobain transformar completamente a vida de um menino
em "Um Grande Garoto" (que a
Rocco lançou aqui neste ano).
Recentemente, contribuiu para
a revista "New Yorker" com um
texto apaixonado sobre uma cantora, Aimee Mann. Começou o
artigo espinafrando roqueiros
que propagam que o gênero está
morto, sujeitos que largam a vida
pop para depois dar entrevistas
dizendo que agora o bacana é escutar jazz e erudito russo.
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