São Paulo, segunda, 6 de julho de 1998

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Primeira apresentação do festival de inverno da cidade teve Heitor Villa-Lobos e Gershwin
Clima hollywoodiano marca abertura

IRINEU FRANCO PERPETUO
enviado especial a Campos do Jordão

Propaganda do governo Covas e boa música fizeram a abertura do 29º Festival de Inverno de Campos do Jordão.
O concerto de sábado foi precedido por pronunciamentos do secretário de Estado da Cultura, Antonio Angarita, e do diretor artístico da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), John Neschling. Ambos elogiaram o governador.
O "Hino Nacional Brasileiro" teve como novidade a participação do Coral Sinfônico do Estado de São Paulo -primo pobre da Osesp, que não decepcionou.
Se alguém ainda tinha dúvida do caráter rossiniano de nosso hino, esta deve ter ficado dirimida pela leitura de Neschling. O maestro forçava sempre os contrastes, obtendo clímax de caráter hollywoodiano.
Neschling comemorou o centenário de Gershwin com uma interpretação cheia de "swing" de "Um Americano em Paris" e "Rhapsody in Blue".
"Rhapsody" sofreu de um mal que acomete todos os concertos festivos -a auto-indulgência. James Tocco, o pianista americano, resolveu usar e abusar da improvisação. Nisto não haveria mal, não fossem os inúmeros escorregões ocasionados por essa escolha interpretativa.
A melhor realização da noite foi "Choros Nº 10", de Villa-Lobos, painel sinfônico no qual a estrutura harmônica é sobrepujada pelo jogo rítmico.
Saldo da noite: muitos aplausos e dois bis. O caráter exibicionista do concerto da Osesp pode não ser do agrado de todos. Mas não há como negar que a orquestra tinha algo a exibir.



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