São Paulo, segunda, 6 de julho de 1998

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MÚSICA
Futebol tira público de Montreux

CARLOS CALADO
enviado especial a Montreux

As costumeiras camisetas verde-amarelas estavam lá, espalhadas pelo auditório Stravinsky. Porém a tranquilidade da platéia era tamanha, anteontem, que nem parecia uma noite brasileira do suíço Montreux Jazz Festival.
Talvez tenha sido a ressaca após a comemoração da vitória sobre a Dinamarca. O fato é que, apesar de os ingressos terem se esgotado dias antes, um terço do local ainda estava vazio quando Marisa Monte entrou no palco, às 20h40.
A cantora comandou um show de só 50 minutos, que esquentou à medida em que o público chegava. A resposta da platéia a "Give me Love" (de George Harrison), único número que Marisa cantou em inglês, foi reveladora: os brasileiros não estavam em maioria.
Isso não impediu que a cantora conquistasse rapidamente a platéia, com uma síntese de seu último show exibido no Brasil. Ainda assim houve momentos de novidade, como as versões de "O Xote das Meninas" (Luiz Gonzaga) e "De Noite na Cama" (Caetano Veloso), que ganharam arranjos de base mais pesados e vibrantes.
"Balança a Pema", o clássico sambalanço de Jorge Ben Jor, fechou o show da cantora, em ambiente de baile popular. A platéia não deixou por menos: Marisa teve que voltar duas vezes ao palco.
Gilberto Gil já entrou em cena, literalmente, com a partida ganha. Claude Nobs, diretor do festival, anunciou o brasileiro vestindo uma camiseta verde-amarela.
O cantor começou com "Balé da Bola", como se ensinasse a letra de seu ainda pouco conhecido samba-exaltação à Copa.
"Palco", a canção seguinte, marcou a primeira explosão da platéia, que acompanhou o cantor e sua banda durante 1h15, cantando e dançando sucessos como "Vem Morena" e "Refavela".
Prejudicados pelo próprio atraso, os Novos Baianos entraram no palco à 0h40 de ontem, já com metade do auditório vazio. Para os europeus, não deve ter sido fácil entender quem eram aqueles cinquentões com pinta de roqueiros. Sem falar na invejável forma física de Baby, cujo ousado vestido não passava de um biquíni enfeitado.
Porém, para quem viveu a década de 70 no Brasil, o show de Moraes Moreira, Pepeu Gomes, Galvão e cia. teve o efeito de uma deliciosa viagem no tempo.
Sucessos do grupo, como "A Menina Dança", "Tinindo Trincando", "Dê Um Rolê", "Mistério do Planeta" ou o choro "Brasileirinho", foram lembrados em arranjos bem pesados, essencialmente roqueiros.
Já quase ao final do show, depois de vários solos de guitarra e bateria, além de todo o desbunde exibido no palco, Moraes Moreira ainda fez questão de anunciar uma composição coletiva, em homenagem aos anos 70. Mais uma?


O jornalista Carlos Calado viajou a convite das gravadoras PolyGram e EMI.



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