São Paulo, Terça-feira, 06 de Julho de 1999 |
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Chega ao Brasil "primeiro ato" do novo teatro inglês
NELSON DE SÁ da Reportagem Local "The Beauty Queen of Leenane", ou "A Rainha da Beleza de Leenane", já havia tomado Londres, quando voltou à Irlanda em 96 -onde começou a carreira que já alcança montagens em 35 países- para abrir novo teatro. Encerrada a peça, festejando no bar, o jovem autor inglês (de pais irlandeses) Martin McDonagh se virou para os temíveis críticos de Londres e gritou: "Vocês gostaram?". E acrescentou em seguida: "Não que eu dê a mínima. Eu sei que ela é demais". É a mesma desfaçatez que impressionou a atriz brasileira Xuxa Lopes, depois de assistir ao espetáculo em 97. O "atrevimento", como ela diz, de McDonagh não se reflete só em sua personagem pública, que garante ter escrito "A Rainha da Beleza" em três semanas e diz não gostar de teatro e assistir TV o dia inteiro. É a própria peça que carrega no sarcasmo, com sua história de mãe e filha irlandesas, uma a torturar a outra -a primeira para não ser deixada para trás, sozinha; a segunda lutando, aos 40 anos, para escapar do país, para Londres ou Nova York. O texto, depois de tornar-se um dos símbolos da nova dramaturgia inglesa, ganha montagem brasileira com três anos de atraso. Estréia sexta no Rio, com elenco encabeçado por Xuxa Lopes e Walderez de Barros -que fizeram a leitura pública da peça em 98, no auditório da Folha. A desfaçatez de McDonagh esconde uma carreira difícil. Até conseguir que a companhia Druid, da diretora Garry Hines, encenasse "A Rainha da Beleza", ele atravessou dez anos escrevendo, desde o final da adolescência, sem conseguir montagem. Beneficiou-se de uma onda de apoio a novos dramaturgos em meados da década, que também revelou Mark Ravenhill, autor de "Shopping and Fucking", que estréia dia 13 de agosto em São Paulo, dirigido por Marco Ricca, e Patrick Marber, de "Closer", também em produção, com Renata Sorrah no elenco. Embora McDonagh, que chega hoje ao Brasil, e os demais autores se neguem a ver similaridades em suas dramaturgias, a comédia realista, o humor negro, a violência e a ironia são constantes. Bem como a vontade manifesta de voltar a contar histórias. Peça: A Rainha da Beleza de Leenane Direção: Carla Camuratti Quando: qui. a sáb., às 21h; dom., às 20h Onde: Casa de Cultura Laura Alvim (av. Vieira Souto, Rio, tel. 0/xx/21/ 267-1647) Quanto: R$ 15 a R$ 25 Texto Anterior: Programação de TV Próximo Texto: "É uma história simples com personagens fortes" Índice |
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