São Paulo, Terça-feira, 06 de Julho de 1999
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MÚSICA ERUDITA
Má acústica prejudica a Osesp

IRINEU FRANCO PERPETUO
especial para a Folha, em Campos do Jordão


A acústica deficiente do Auditório Cláudio Santoro roubou o brilho da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo na abertura do 30º Festival de Inverno de Campos do Jordão, sábado à noite.
O programa russo escolhido pelo maestro Roberto Minczuk tinha tudo para repetir o sucesso alcançado nas apresentações anteriores no Teatro São Pedro, em São Paulo.
Porém, as cores fortes da "Rapsódia sobre um Tema de Paganini", de Rachmaninov, e da suíte sinfônica "Sheherazade", de Rimski-Korsakov, foram roubadas das peças pela secura da acústica do local.
O mais prejudicado foi o pianista Jean Louis Steuerman, escalado para substituir, em cima da hora, o adoentado Nelson Freire.
Sua concepção cerebral da peça de Rachmaninov poderia até ter funcionado em outra sala. Porém, no Cláudio Santoro, não se percebem sutilezas de dinâmica ou fraseado - e o público não aplaudiu mais do que 50 segundos, fazendo com que o solista não voltasse para bisar.
Se Freire e Steuerman tiverem de ser comparados, pode-se dizer que o primeiro, em São Paulo, tocou de maneira mais intensa e acertou mais notas, enquanto o segundo, em Campos do Jordão, esteve mais entrosado com a orquestra.
Após a "Rapsódia", Minczuk regeu de cor a suíte sinfônica "Sheherazade". A apresentação não foi tão impecável quanto em São Paulo, embora o fagotista Fábio Cury tenha, novamente, protagonizado solos que beiram o limite da genialidade.
De qualquer forma, o caleidoscópio de "Sheherazade" -ainda que tornado opaco pelo auditório de Campos do Jordão- pareceu aquecer mais o público, que aplaudiu bastante no intervalo dos movimentos e no final do concerto, estimulando a orquestra a retornar ao palco para tocar, como bis, a abertura da ópera "Ruslan i Liudmila", do russo Mikhail Glinka.


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