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MÚSICA ERUDITA
Má acústica prejudica
a Osesp
IRINEU FRANCO PERPETUO
especial para a Folha, em Campos do Jordão
A acústica deficiente do Auditório Cláudio Santoro roubou o brilho da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo
na abertura do 30º Festival de
Inverno de Campos do Jordão,
sábado à noite.
O programa russo escolhido
pelo maestro Roberto Minczuk tinha tudo para repetir o
sucesso alcançado nas apresentações anteriores no Teatro
São Pedro, em São Paulo.
Porém, as cores fortes da
"Rapsódia sobre um Tema de
Paganini", de Rachmaninov, e
da suíte sinfônica "Sheherazade", de Rimski-Korsakov, foram roubadas das peças pela
secura da acústica do local.
O mais prejudicado foi o pianista Jean Louis Steuerman, escalado para substituir, em cima da hora, o adoentado Nelson Freire.
Sua concepção cerebral da
peça de Rachmaninov poderia
até ter funcionado em outra sala. Porém, no Cláudio Santoro,
não se percebem sutilezas de
dinâmica ou fraseado - e o
público não aplaudiu mais do
que 50 segundos, fazendo com
que o solista não voltasse para
bisar.
Se Freire e Steuerman tiverem de ser comparados, pode-se dizer que o primeiro, em São
Paulo, tocou de maneira mais
intensa e acertou mais notas,
enquanto o segundo, em Campos do Jordão, esteve mais entrosado com a orquestra.
Após a "Rapsódia", Minczuk
regeu de cor a suíte sinfônica
"Sheherazade". A apresentação não foi tão impecável
quanto em São Paulo, embora
o fagotista Fábio Cury tenha,
novamente, protagonizado solos que beiram o limite da genialidade.
De qualquer forma, o caleidoscópio de "Sheherazade"
-ainda que tornado opaco
pelo auditório de Campos do
Jordão- pareceu aquecer
mais o público, que aplaudiu
bastante no intervalo dos movimentos e no final do concerto, estimulando a orquestra a
retornar ao palco para tocar,
como bis, a abertura da ópera
"Ruslan i Liudmila", do russo
Mikhail Glinka.
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