São Paulo, sexta-feira, 06 de agosto de 2004

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FILMES

Nove Meses
Globo, 15h30.
  
(Nine Months). EUA, 1995, 103 min. Direção: Chris Columbus. Com Hugh Grant, Julianne Moore, Jeff Goldblum. Yuppie (Grant) entra em parafuso quando a namorada (Moore) engravida. Este evento, mais temido em boa parte dos adolescentes, será a peça de transformação do personagem.

Tempo de Matar
SBT, 22h30.
  
(A Time to Kill). EUA, 1996, 149 min. Direção: Joel Schumacher. Com Sandra Bullock, Samuel L. Jackson, Matthew McConaughey. Jackson é o pai que tem a filhinha estuprada por racistas e decide fazer justiça pessoalmente, executando-os. O julgamento é inevitável. E Schumacher vai acertando e errando nessa sua incursão pelo gênero "filme de tribunal".

Intercine
Globo, 1h45.

O espectador tem à disposição o suspense "A Maldição de Carrie" (1999, de Kaff Shea, com Amy Irving, Jason London) e o thriller "Uma Luz na Escuridão" (1992, de David Seltzer, com Michael Douglas, Melanie Griffith).

Doida Demais
Bandeirantes, 1h55.
  
Brasil, 1989, 105 min. Direção: Sérgio Rezende. Com Vera Fischer, Paulo Betti, José Wilker. Vera Fischer é, além de falsária, especialista em passar também a perna nos homens. Mas ela se apaixona de verdade por Paulo Betti, um piloto de avião também pouquíssimo honesto, e vai parar numa região de garimpo. Seria uma boa (neo)pornochanchada se não houvesse a necessidade de Rezende em delegar ao seu cinema um papel épico.

Julian Po, o Contador de Mentiras
SBT, 3h55.
  
(Julian Po). EUA, 1997, 84 min. Direção: Alan Wade. Com Christian Slater, Robin Tunney, Bruce Bohne, Roy Copper. Julian Po (Slater) está de passagem numa cidadezinha quando seu carro quebra. O problema é que os citadinos não gostam de forasteiros, o que faz dele uma ameaça. A sacada "genial" do rapaz é mentir que está ali para se matar. Todos o acolhem, mas a demora para Julian fazer o que prometeu os deixa ansiosos. A comparação com "Dogville", de Lars von Trier, é inevitável. As chaves são outras, lógico, mas quisera fosse Nicole Kidman estampada na tela e não o canastra Slater. Somente para São Paulo.

Além da Eternidade
Globo, 4h.
  
(Always). EUA, 1989, 122 min. Direção: Steven Spielberg. Com Holly Hunter, Richard Dreyfuss. Espírito de homem morto durante incêndio florestal volta para proteger a amada e ensiná-la a viver sem ele. Ninguém gostou dessa refilmagem de um clássico (fraco) dos anos 40, mas é louvável a disposição de Spielberg para vomitar na tela suas paixões rasgadas: a aviação e o heroísmo como caminho de imortalidade e celebração do homem. (PSL)

Massacre estetizado

PAULO SANTOS LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A morte é uma grande questão que transita nos westerns. "Cavalgada dos Proscritos" (Telecine Action, 23h) lida com este momento último da vida ao falar sobre a emboscada contra o bando de Jesse James.
Walter Hill optou, não sem razão, por um elenco composto por irmãos, dos Carradine aos Quaid, emprestando ao filme certa autenticidade e fazendo transpirar mais vida dos personagens.
Esse quase naturalismo contrasta com a estetização do massacre, que será apresentado em câmera lenta e o som dos tiros, explosões de vísceras e gritos agonizantes sintonizado com essa velocidade freada da imagem. Tal opção cria um raro e belíssimo efeito, amplificando o momento crucial da morte, esse instante no qual o pistoleiro silencia de vez a sua arma.

DOCUMENTÁRIO

Huppert pensa sentindo ou vice-versa

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Vale a pena, às vezes, ir ao mundo exterior. Ao mundo exterior à Rede Globo, bem entendido. Porque, à força de todos os grandes canais e quase todos os pequenos imitarem descaradamente os modos, ritmos e trejeitos da Globo, às vezes pode parecer que não existe outra maneira possível de fazer documentários, por exemplo.
Logo que começa, "Isabelle Huppert - Uma Vida para Atuar" parece nos transportar direto a um sanatório. Que é aquilo? Uma mulher grita e urra. Grita e urra para dentro. O que é isso?
Ah, é Isabelle Huppert ensaiando "Medéia". Ninguém aparece para perguntar a um transeunte: "Você sabe quem é Medéia?" ou "Você sabe quem é Isabelle Huppert?".
Nem qualquer outra dessas perguntas cretinas que se fazem a quem se sabe que responderá "não" ou dará uma resposta errada. Para quem tiver alguma dúvida: Huppert é uma das maiores atrizes de cinema em atividade.
Segue o enterro. Huppert no teatro, como uma possuída. Atuar não é uma escolha, não é uma decisão. É uma coisa que é. Depois ela aparece no cinema. Mais tranqüilo, o cinema. Como uma viagem, como um passeio.
Aparece Claude Chabrol. Sim, o bonachão Chabrol, que dirigiu a atriz em seus melhores papéis. Nenhum depoimento. (Mas então que é possível fazer documentário assim!).
Ninguém fala. Só ela. Isabelle Huppert não é só boa atriz, é uma mulher inteligentíssima. Não é preciso que ninguém fale.
Trata-se, no mais, de uma inteligência sensível, como convém a uma atriz. Pensa sentindo, ou vice-versa.
Serge Toubiana, o autor deste documentário, foi redator-chefe dos "Cahiers du Cinéma" por muitos anos. Sabe o que está fazendo: algo para quem quiser entender a arte, ver, gravar, guardar e rever.


ISABELLE HUPPERT - UMA VIDA PARA ATUAR. Quando: hoje, às 22h, no Eurochannel.


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