São Paulo, sábado, 06 de agosto de 2011

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Carvana faz homenagem apaixonada aos atores

Novo filme do diretor usa a arte de interpretar para celebrar a vida

Como Ramon Velasco, Tarcísio Meira se junta aos personagens malandros já criados pelo cineasta carioca

MARCO RODRIGO ALMEIDA
DE SÃO PAULO

Quando foi escolher o ator que interpretaria o malandro de seu novo filme, "Não se Preocupe, Nada Vai Dar Certo", Hugo Carvana, 74, quis fugir do óbvio.
"Não poderia ser um ator com um recorte tradicionalmente picareta. Então já me eliminei de cara. O Pereio, claro, também não poderia ser", diz, aos risos.
Pensou então em Tarcísio Meira, ícone romântico da TV brasileira, para interpretar Ramon Velasco, ator mambembe e trambiqueiro de mão cheia, que faz espetáculos ao lado do filho (Gregório Duvivier), também ator.
Ramon Velasco integra uma longa lista de tipos gaiatos, bêbados, loucos ou "adoravelmente desequilibrados" que Carvana não se cansa de retratar desde que dirigiu seu primeiro filme, "Vai Trabalhar, Vagabundo" (1973).
Desta vez, o diretor carioca juntou dois temas que considera fascinantes: a relação pai/filho e o universo do ator, a quem o filme presta uma grande homenagem.
No fim das contas, após inúmeros golpes e tramoias, tudo acaba em festa, na frente e atrás das câmeras.
"Eu me diverti demais", diz Tarcísio. No início receoso em viver um personagem "desta soltura e liberdade", acabou seduzido pela lábia de Carvana e quebrou um jejum de 21 anos longe do cinema.
"O filme tem uma coisa colorida, tropicalista, que nós temos e estava esquecida, não está presente no cinema nacional atual", diz Tarcísio.
Carvana, de fato, é o primeiro a reconhecer que suas comédias não se enquadram no estilo padrão atual.
"Eu escracho e faço uma crítica mordaz aos costumes. Já as comédias de hoje, de uma maneira geral, vivem da piada momentânea, dos quadros de humor da TV. Os meus têm dramaturgia, têm musculatura. Não quero dizer que sou melhor, mas somos diferentes."
Como bom malandro, já tem larga experiência em ser "diferente".
Ele estreou na direção com uma comédia rasgada numa época em que predominava um cinema engajado, no qual o riso era sinal de alienação. Nos últimos 40 anos, passou por altos e baixos do cinema nacional, mas sempre fiel a seu estilo brejeiro.
O próximo filme, por sinal, já está engatilhado: "Casa da Mãe Joana 2", continuação do filme de 2008.
Será, adianta, uma paródia aos filmes espíritas que fizeram sucesso nos últimos anos. "Você acha que eu iria perder a oportunidade de avacalhar? Se deixar na minha frente, eu chuto mesmo."


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