São Paulo, sexta-feira, 06 de setembro de 2002

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CINEMA/ESTRÉIA

"RETRATOS DE UMA OBSESSÃO"

Ator interpreta psicopata em filme

Como vilão, Robin Williams tenta afastar fama de "chato"

TETÉ RIBEIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM NOVA YORK

Este é um bom ano para Robin Williams, que acaba de completar 50 anos. O ator, famoso (e recentemente muito criticado) por sempre interpretar personagens cômicos, está em três filmes em que interpreta o vilão.
O primeiro foi "Death to Smoochy", que não fez sucesso nos cinemas dos EUA, apesar do elenco de estrelas. Depois esteve, ao lado de Al Pacino, num dos melhores filmes do ano, "Insônia", em cartaz no Brasil.
Agora é a vez de "Retratos de uma Obsessão", em que vive Seymour Parrish, homem que revela filmes em um shopping center e é obcecado por uma família. O filme foi dirigido por Mark Romanek, responsável por videoclipes de Madonna.
A entrevista do ator foi dada à Folha na época do lançamento de "Death to Smoochy" nos EUA.

Folha - Por que você acha que os críticos te odeiam tanto?
Robin Williams -
Os críticos me odeiam? Como assim? Você me odeia? Você trabalha com isso, me responda pelo amor de Deus! Eu preciso saber. Sou um desesperado pela atenção e pelo amor dos desconhecidos, e você me vem com essa pergunta como um tapa na minha cara e eu devo ter a resposta? Por que os críticos me odeiam? Eles me odeiam mesmo?

Folha - Talvez por você deixar explícito nos papéis cômicos que no fundo é um homem infeliz, aquele clichê de que todo palhaço é deprimido. Isso irrita as pessoas, e ninguém quer se importar com a tristeza de quem deveria fazer rir...
Williams -
Essa é a sua opinião pessoal? Nunca li isso em nenhum lugar nem ouvi ninguém falar. Imagino que os críticos não sintam nada sobre mim, apenas odiaram alguns filmes que fiz, aí peguei uma certa fama de só fazer papéis chatos. Mas aposto como vão ser obrigados a reconsiderar o que pensam este ano.

Folha - Em sua opinião, qual de seus últimos filmes merece as críticas mais ferozes?
Williams -
Na verdade, o especial de comédia que fiz para a emissora HBO, porque ali sou só eu, sem um diretor queridinho da mídia como Chris Nolan ou Danny de Vito nem um tema tão diferente quanto o de "Death to Smoochy".

Folha - Você se preocupa quando faz comédia se alguém vai se sentir ofendido por isso?
Williams -
Claro que não, as pessoas se ofendem pelas maiores bobagens. E o que eu poderia fazer a respeito? Falar só dos amish, que não lêem jornal, não vão ao teatro nem assistem TV? É muito limitado o número de piadas que se pode fazer sobre eles, preciso ofender muito mais gente para completar as duas horas.


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