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CINEMA/ESTRÉIA
"RETRATOS DE UMA OBSESSÃO"
Ator interpreta psicopata em filme
Como vilão, Robin Williams tenta afastar fama de "chato"
TETÉ RIBEIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM NOVA YORK
Este é um bom ano para Robin
Williams, que acaba de completar
50 anos. O ator, famoso (e recentemente muito criticado) por
sempre interpretar personagens
cômicos, está em três filmes em
que interpreta o vilão.
O primeiro foi "Death to
Smoochy", que não fez sucesso
nos cinemas dos EUA, apesar do
elenco de estrelas. Depois esteve,
ao lado de Al Pacino, num dos
melhores filmes do ano, "Insônia", em cartaz no Brasil.
Agora é a vez de "Retratos de
uma Obsessão", em que vive Seymour Parrish, homem que revela
filmes em um shopping center e é
obcecado por uma família. O filme foi dirigido por Mark Romanek, responsável por videoclipes
de Madonna.
A entrevista do ator foi dada à
Folha na época do lançamento de
"Death to Smoochy" nos EUA.
Folha - Por que você acha que os
críticos te odeiam tanto?
Robin Williams - Os críticos me
odeiam? Como assim? Você me
odeia? Você trabalha com isso, me
responda pelo amor de Deus! Eu
preciso saber. Sou um desesperado pela atenção e pelo amor dos
desconhecidos, e você me vem
com essa pergunta como um tapa
na minha cara e eu devo ter a resposta? Por que os críticos me
odeiam? Eles me odeiam mesmo?
Folha - Talvez por você deixar explícito nos papéis cômicos que no
fundo é um homem infeliz, aquele
clichê de que todo palhaço é deprimido. Isso irrita as pessoas, e ninguém quer se importar com a tristeza de quem deveria fazer rir...
Williams - Essa é a sua opinião
pessoal? Nunca li isso em nenhum
lugar nem ouvi ninguém falar.
Imagino que os críticos não sintam nada sobre mim, apenas
odiaram alguns filmes que fiz, aí
peguei uma certa fama de só fazer
papéis chatos. Mas aposto como
vão ser obrigados a reconsiderar o
que pensam este ano.
Folha - Em sua opinião, qual de
seus últimos filmes merece as críticas mais ferozes?
Williams - Na verdade, o especial
de comédia que fiz para a emissora HBO, porque ali sou só eu, sem
um diretor queridinho da mídia
como Chris Nolan ou Danny de
Vito nem um tema tão diferente
quanto o de "Death to Smoochy".
Folha - Você se preocupa quando
faz comédia se alguém vai se sentir
ofendido por isso?
Williams - Claro que não, as pessoas se ofendem pelas maiores
bobagens. E o que eu poderia fazer a respeito? Falar só dos amish,
que não lêem jornal, não vão ao
teatro nem assistem TV? É muito
limitado o número de piadas que
se pode fazer sobre eles, preciso
ofender muito mais gente para
completar as duas horas.
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