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CRÍTICA
Sem equívocos, sem problemas e sem alma
PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA
Não há uma imagem fora do
lugar em "Retrato de uma
Obsessão". Este segundo longa-metragem de Mark Romanek é
como o dever de casa de um aluno
CDF, capaz de decorar fórmulas,
incapaz de ter idéias próprias.
O tema é óbvio, auto-referente.
Sy (Robin Williams, em outro
personagem esquisitão após "Insônia") é funcionário de uma loja
de revelação e ampliação de fotografias que fica dentro de um asséptico estabelecimento cor gelo.
Figura excêntrica, muito perto
do clichê do psicopata do "manual do suspense", Sy revela as fotos de uma mesma família há
anos. Acompanhou todos os aniversários de Jakob (Dylan Smith),
filho de Nina (Connie Nilsen) e
Will (Michael Vartan), e por eles
desenvolveu estranha obsessão.
Mantém na própria casa uma parede cheia de fotos dessa família.
A história desse homem solitário e infeliz é narrada com uma
correção obsessiva. A apresentação do personagem, no começo
do filme, é impecável: Sy, acostumado a revelar imagens, é ele
mesmo fotografado na prisão, para sua ficha policial. Seu caminho
até ali será recuperado em flashback, e, até que a trama alcance
novamente esse momento, tudo
será explicado e esmiuçado.
O executivo de um grande estúdio que assistir "Retratos de uma Obsessão" sabe que não estará errando muito se contratar Romanek para o próximo thriller da vez. Vai ter alguém capaz de filmar todos os planos necessários para contar uma história e montá-los direitinho, um atrás do outro. Alguém capaz de contar mais uma história sem graça, de fazer mais um filme sem alma.
Retratos de uma Obsessão
One Hour Photo
Direção: Mark Romanek
Com: Robin Williams, Connie Nielsen
Quando: a partir de hoje nos cines Frei
Caneca Unibanco Arteplex 2, Market
Place Cinemark 4, Eldorado 4 e circuito
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