São Paulo, sexta-feira, 06 de setembro de 2002

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DOCUMENTÁRIO

Diretor fez 47 filmes e odiou todos eles

DA REPORTAGEM LOCAL

Se o bombeiro Afonso Brazza é o pior cineasta do mundo, o que dizer do americano Alan Smithee? Diretor de 47 filmes, Smithee fez faroestes, comédias e aventuras, algumas péssimas, mas nunca deu uma entrevista ou foi fotografado.
A razão é que Smithee jamais existiu. Trata-se de um pseudônimo usado por diretores de Hollywood quando têm vergonha de colocar seus nomes nos créditos.
"Os Segredos de Alan Smithee", documentário exibido hoje, às 22h, pelo canal pago Cinemax (TVA e DirecTV), conta em 50 minutos a embaraçosa história desse cineasta secreto.
É preciso entender que os filmes de Smithee não são apenas ruins. Podem até ser bons. Mas são renegados pelos autores. Geralmente, o problema começa quando os estúdios mexem no filme à revelia do diretor. Sentindo-se traído pelo que considera "interesses comerciais nefastos de Hollywood", o diretor se retira. E lá vai um "Directed by Alan Smithee" na tela.
Outro detalhe importante é que, para ser Alan Smithee, não basta querer. A associação de cineastas Directors Guild of America (DGA), que inventou o pseudônimo nos anos 60, precisa autorizar a farsa. E só autoriza quando está óbvio que a fita foi "desvirtuada".
A história foi secreta por décadas, já que os produtores temiam espantar o público com um filme que tinha sido considerado "vergonhoso" por seu diretor. Assim, em sua estréia cinematográfica, com o faroeste "Morte de um Pistoleiro" (69), Smithee foi elogiado pelo "New York Times". "Bons closes", escreveu o crítico.
A história desmoronou nos anos 90, quando uma comédia de 1997 tratou do assunto. Ironicamente, o filme era tão ruim que seu diretor (Arthur Hiller, de "Love Story") pediu para ser Alan Smithee. A DGA permitiu.
Na mesma época, um quebra-pau entre o diretor Tony Kaye e o ator Edward Norton, durante a edição de "A Outra História Americana", acabou nos jornais.
Kaye foi despedido e disse que queria ser Alan Smithee. Mas não conseguiu. A DGA considerou que o filme ainda espelhava sua visão e o obrigou a assinar a obra. (IVAN FINOTTI)


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