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FILMES
TV ABERTA
Roman Polanski investe no terror sutil
Sequestro do Terror
Globo, 23h.
(Held for Ransom). EUA, 2000, 87 min.
Direção: Lee Stanley. Com Dennis
Hopper, Zachery Ty Bryan. Hopper é o
sequestrador maluco de um ônibus
escolar que mantém seus prisioneiros
ilhados em lugar de onde é virtualmente
impossível escapar. Já do filme pode-se,
bem ou mal, fugir. Inédito.
O Último Portal
SBT, 23h45.
(The Ninth Gate). EUA, 99, 132 min.
Direção: Roman Polanski. Com Johnny
Depp, Lena Olin, Frank Langella. Sinistro
milionário (Langella) contrata Depp para
localizar e comprar livro com o poder de,
entre outros, evocar o demônio. No
gênero terror sutil, Polanski já fez melhor
(em "O Bebê de Rosemary"). Inédito.
Emmanuelle - Um Arremesso
Final
Bandeirantes, 1h.
(Emmanuelle - One Final Fling). França,
94, 87 min. Direção: Jean-Jacques
Lamore. Com Krista Allen, Kimberley
Rowe. Emmanuelle leva amante
extraterrestre a certos pontos turísticos
de nosso planeta. Evidentemente, o
ponto turístico que visa o filme todos
sabemos qual é.
Dilúvio - A Ira de um Rio
SBT, 2h25.
(Flood: A River's Rampage). Canadá, 97.
Direção: Bruce Pittman. Com Richard
Thomas, Kate Vernon, Nigel Bennett. Em
1933, não bastasse a Depressão, uma
grande enchente atinge as margens do
rio Mississipi. O filme fixa-se sobre o
acontecimento, tal como atingiu a
cidade de Belfield. Fato muito relevante
(lembrar: "Rio Violento", de Elia Kazan)
em filme feito para TV.
Clube dos Cafajestes
Globo, 2h40
(National Lampoon's Animal House).
EUA, 78, 105 min. Direção: John Landis.
Com John Belushi, Tim Matheson,
Donald Sutherland. Estudantes pouco
chegados à ordem e à disciplina botam o
campus de ponta-cabeça. Landis leva a
comédia com elegância e humor.
Terremoto
SBT, 4h10.
(Earthquake). EUA, 74, 148 min. Direção:
Mark Robson. Com Charlton Heston, Ava
Gardner, George Kennedy, Geneviève
Bujold. Exemplo característico do
chamado "filme catástrofe" dos anos 70,
em que uma grande desgraça
(afundamento de navios, incêndio de
edifícios etc.) e a maneira como afetava
uma série de atores convidados eram o
centro dos acontecimentos. Aqui, trata-se de um grande terremoto em Los
Angeles. O interesse dramático é
mínimo. Tudo se sustenta nas imagens
espetaculares da destruição, que (pelo
menos na tela grande) são de fato
impressionantes. Só para São Paulo.
(IA)
TV PAGA
Produções expõem triunfo da imaginação
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
O Eurochannel passa "Os
Companheiros", de Mario
Monicelli; o Cinemax Prime passa
"Traffic", de Steven Soderbergh.
Anos 60, no primeiro caso, anos
90, no segundo. Política, no primeiro caso; drogas, no segundo.
"Os Companheiros" é quase um
manual de greve, mitigado apenas pelo fato de o protagonista ser
um professor anarquista. O cinema, nesse tempo, via-se como a
arte por excelência do século 20,
como tal não podia deixar de intervir na vida política.
Na época, a disputa era intensa.
Acreditava-se que era possível, a
curto prazo, o proletariado tomar
o poder. Ainda que não se acreditasse, existia no ar um clima de rebeldia em vários níveis que desembocaria nos movimentos estudantis de 1968. Embora seja um
filme de fatura tradicional, "Os
Companheiros" trazia a marca de
seu tempo.
De certo modo, "Traffic" também traz. A primeira delas, a bem
dizer, é uma não-marca, é a visão
de mundo de Sodebergh, que parece mudar a cada filme (junto
com o estilo).
Temos aqui, na parte mais interessante, um juiz conservador
que descobre a horas tantas as atividades da filha, viciada. A ficção
se desenvolve aqui em mais de
um nível: não se trata apenas de
um caso ficcional, mas da ficção
que o juiz desenvolve a respeito
daqueles a quem combate (traficantes) e da própria filha.
Em "Os Companheiros", a ficção diz respeito à luta de classe,
essa entidade ora desmoralizada.
Em "Traffic", ela mistura justiça
(abstrata) e vida íntima, assim como interferência da fantasia no
real. No limite, pode-se perguntar
se o barato do magistrado, ao julgar, não era similar ao da filha ao
se drogar.
Em ambas as hipóteses, existe
um triunfo contemporâneo, não
necessariamente muito saudável,
da imaginação.
OS COMPANHEIROS. Quando: hoje, às
12h, no Eurochannel.
TRAFFIC. Quando: hoje, à 0h45, no
Cinemax Prime.
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