|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÚSICA
Álbum chega às lojas em abril de 2004; cantor e violonista americano toca no encerramento de festival em Ouro Preto
Pizzarelli anuncia disco de bossa nova
CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Tudo indica que se trata de um
longo namoro musical. Desde
1996, quando tocou e cantou pela
primeira vez no Brasil, John Pizzarelli, 43, já fez outras cinco temporadas de shows só em São Paulo. Se quiser vê-lo de novo, neste
ano, seu crescente fã-clube terá de
ir até Ouro Preto (MG), onde o
cantor e violonista norte-americano encerra hoje a segunda edição do festival Tudo É Jazz.
"Acho que os brasileiros e eu fizemos um pacto amoroso. Fico
muito tocado pelo amor que eles
têm por minha música, assim como pela boa vontade de me deixarem tocar sua música e de gostarem dela. Tudo passa pela emoção no Brasil", diz Pizzarelli à Folha, tentando explicar por que os
brasileiros parecem cada vez mais
interessados por suas elegantes e
bem-humoradas releituras de
standards do jazz, hits dos Beatles
e clássicos da bossa nova.
Esse namoro musical promete
esquentar mais ainda. Pizzarelli
revela que acaba de gravar um
disco exclusivamente dedicado à
música brasileira. Com previsão
de chegada às lojas em abril do
próximo ano, a turnê de lançamento incluirá sua já habitual
temporada de shows no Bourbon
Street Music Club, em São Paulo,
e no Mistura Fina, no Rio.
"Estou bastante excitado com
esse disco de bossa nova. Paulo
Braga tocou bateria, César Camargo Mariano tocou piano em
duas faixas e Daniel Jobim cantou
uma", descreve Pizzarelli. Quanto
às canções escolhidas, só revela
que gravou "Aquelas Coisas Todas", do mineiro Toninho Horta.
Mesmo assim, o norte-americano diz que talvez não resista à tentação de mostrar algo desse trabalho no festival de Ouro Preto e "algumas velhas favoritas".
Por "velhas favoritas", Pizzarelli
quer dizer aquelas canções norte-americanas dos anos 30 e 40 assinadas por mestres como Cole
Porter, Johnny Mercer ou os irmãos Gershwin. "O aspecto mais
bonito dessas canções clássicas é
que elas estão sempre sendo reinventadas. De Nat Cole e Oscar Peterson a Diana Krall e eu, podemos tocar a mesma canção, mas
ela sairá de modo diferente."
Mas por que essa preferência
por interpretar somente canções
escritas há mais de 30 anos? Pizzarelli estaria sugerindo que, após
os Beatles ou a bossa nova, não
surgiram outros compositores de
qualidade? "Acho que Sting e James Taylor continuam escrevendo ótimas canções", diz. E o que
definiria uma boa canção? "Boa
letra e boa melodia."
E já que Pizzarelli acaba de gravar um disco de bossa nova, por
que não perguntar a ele quais são
seus discos brasileiros favoritos?
"É mais fácil listar os álbuns que
eu não gosto", brinca. "Adoro
"Amoroso", de João Gilberto, "Durango Kid", de Toninho Horta, e
qualquer um de Milton Nascimento, Ivan Lins, Djavan, Elis Regina ou Marco Pereira."
O crítico Carlos Calado é autor de "O
Jazz como Espetáculo", entre outros livros
TUDO É JAZZ. Hoje (encerramento): Kaki
King, The Bad Plus e John Pizzarelli.
Onde: Centro de Artes e Convenções da
Universidade Federal de Ouro Preto (r.
Diogo de Vasconcelos, 328, MG). Quanto:
R$ 90. Informações pelo tel. 0/xx/31/
3227-3036, ou www.ouropreto.com.br/festivaldejazz.
Texto Anterior: Dança: Fogo destrói trajes de turnê do Kirov Próximo Texto: Drauzio Varella: A sabedoria do velho Tibúrcio Índice
|