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São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2003

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MÚSICA

Álbum chega às lojas em abril de 2004; cantor e violonista americano toca no encerramento de festival em Ouro Preto

Pizzarelli anuncia disco de bossa nova

CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Tudo indica que se trata de um longo namoro musical. Desde 1996, quando tocou e cantou pela primeira vez no Brasil, John Pizzarelli, 43, já fez outras cinco temporadas de shows só em São Paulo. Se quiser vê-lo de novo, neste ano, seu crescente fã-clube terá de ir até Ouro Preto (MG), onde o cantor e violonista norte-americano encerra hoje a segunda edição do festival Tudo É Jazz.
"Acho que os brasileiros e eu fizemos um pacto amoroso. Fico muito tocado pelo amor que eles têm por minha música, assim como pela boa vontade de me deixarem tocar sua música e de gostarem dela. Tudo passa pela emoção no Brasil", diz Pizzarelli à Folha, tentando explicar por que os brasileiros parecem cada vez mais interessados por suas elegantes e bem-humoradas releituras de standards do jazz, hits dos Beatles e clássicos da bossa nova.
Esse namoro musical promete esquentar mais ainda. Pizzarelli revela que acaba de gravar um disco exclusivamente dedicado à música brasileira. Com previsão de chegada às lojas em abril do próximo ano, a turnê de lançamento incluirá sua já habitual temporada de shows no Bourbon Street Music Club, em São Paulo, e no Mistura Fina, no Rio.
"Estou bastante excitado com esse disco de bossa nova. Paulo Braga tocou bateria, César Camargo Mariano tocou piano em duas faixas e Daniel Jobim cantou uma", descreve Pizzarelli. Quanto às canções escolhidas, só revela que gravou "Aquelas Coisas Todas", do mineiro Toninho Horta.
Mesmo assim, o norte-americano diz que talvez não resista à tentação de mostrar algo desse trabalho no festival de Ouro Preto e "algumas velhas favoritas".
Por "velhas favoritas", Pizzarelli quer dizer aquelas canções norte-americanas dos anos 30 e 40 assinadas por mestres como Cole Porter, Johnny Mercer ou os irmãos Gershwin. "O aspecto mais bonito dessas canções clássicas é que elas estão sempre sendo reinventadas. De Nat Cole e Oscar Peterson a Diana Krall e eu, podemos tocar a mesma canção, mas ela sairá de modo diferente."
Mas por que essa preferência por interpretar somente canções escritas há mais de 30 anos? Pizzarelli estaria sugerindo que, após os Beatles ou a bossa nova, não surgiram outros compositores de qualidade? "Acho que Sting e James Taylor continuam escrevendo ótimas canções", diz. E o que definiria uma boa canção? "Boa letra e boa melodia."
E já que Pizzarelli acaba de gravar um disco de bossa nova, por que não perguntar a ele quais são seus discos brasileiros favoritos? "É mais fácil listar os álbuns que eu não gosto", brinca. "Adoro "Amoroso", de João Gilberto, "Durango Kid", de Toninho Horta, e qualquer um de Milton Nascimento, Ivan Lins, Djavan, Elis Regina ou Marco Pereira."


O crítico Carlos Calado é autor de "O Jazz como Espetáculo", entre outros livros

TUDO É JAZZ. Hoje (encerramento): Kaki King, The Bad Plus e John Pizzarelli. Onde: Centro de Artes e Convenções da Universidade Federal de Ouro Preto (r. Diogo de Vasconcelos, 328, MG). Quanto: R$ 90. Informações pelo tel. 0/xx/31/ 3227-3036, ou www.ouropreto.com.br/festivaldejazz.


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