São Paulo, segunda-feira, 06 de setembro de 2004

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FESTIVAL DE VENEZA

Sábado foi dia de filme político chinês e italiano

Mostra vai da abertura na China à Itália "vermelha"

France Press
O diretor Jia Zhang-ke (segundo da dir. para a esq.) com a atriz Chen Taisheng e os atores Wang Hongwei (dir.) e Zhao Tao, em Veneza


DA REDAÇÃO

O sábado competitivo do Festival de Veneza foi da abertura na China ao cinema político da Itália. Apesar do pouco entusiasmo do público, o dia teve como destaques "Lavorare con Lentezza", do italiano Guido Chiesa, e "Shijie", do chinês Jia Zhang-ke.
O longa-metragem da China, que pode ser traduzido por "O Mundo", é o quarto do diretor, que agora se consolida na zona urbana do país. Os três anteriores tiveram problemas com a censura e eram restritos às zonas rurais.
A ação de "Shijie" é centrada num casal que trabalha num parque temático no qual são reproduzidos em escala reduzida os monumentos mais famosos do mundo, como o Big Ben londrino, o Vaticano, a parisiense Torre Eiffel e os arranha-céus de Manhattan. "Tragicômico", nas palavras do diretor Jia, o longa se ambienta no atual período de desenvolvimento econômico da China, no qual os personagens "devem resolver seus problemas num mundo artificial e novo".
A presença desses monumentos em escala, diz Jia, "parece tornar o mundo acessível e diminuto, mas a realidade é muito distante" para os protagonistas. É o exemplo de uma nova população chinesa, que tem acesso a algumas modernidades ocidentais, mas carece principalmente da possibilidade de sair ao exterior.
A longa duração do filme e o ritmo lento da história fizeram com que vários espectadores abandonassem a sala antes de seu final. E pior: os que permaneceram acolheram a obra com indiferença.
O longa-metragem italiano se situa em Bolonha, cidade "vermelha" da Itália, no final dos anos 70. É quando surge no local uma rádio livre que tentou dar voz aos setores mais desprotegidos da sociedade, num contexto de extremismo político, às vezes caracterizado por atentados terroristas.
Em entrevista, o diretor Chiesa afirmou que esperava críticas de políticos ao seu filme, porque ele "conta uma experiência extraordinária da rádio de Bolonha, a da utopia de uns rapazes contra a lógica do trabalho proletário".
"Essa lógica do benefício econômico e anos de capitalismo selvagem e globalizado, do qual é difícil sair, são a causa do que ocorre hoje no Iraque e em muitas partes do mundo", afirmou Chiesa, que também é autor de outros trabalhos com crítica social.

Al Pacino
O ator norte-americano Al Pacino apresentou no sábado em Veneza, fora da competição, sua versão do personagem de Shylock na adaptação cinematográfica de "O Mercador de Veneza". Pacino humaniza o agiota judeu que quer se vingar de quem o despreza, na obra de William Shakespeare. A direção ficou por conta do britânico Michael Radford.

Com agências internacionais


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