São Paulo, sábado, 06 de outubro de 2001

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Nova geração mantém viva poesia popular

DA REPORTAGEM LOCAL

O cearense Antônio Klévisson Viana Lima, 28, da nova geração de cordelistas do Nordeste, é uma prova de que o gênero continua com prestígio e importância na região. Autor de 32 livretos, divide os seus temas entre a sátira, o romance e o cordel-reportagem.
O seu recente "O Terrível Assassinato de Seis Empresários Portugueses ou o Monstro Lusitano", sobre um crime ocorrido em Fortaleza que resultou na morte de um grupo de turistas de Lisboa, vendeu 6.000 exemplares e lidera a lista dos mais procurados.
"Muitos poetas, desanimados, desistiram do cordel, mas esse crime e a guerra da América são mostras de que esse tipo de poesia-crônica está mais viva do que nunca", diz Klévisson, que, além do cordel, atua no cartum de humor. Dono, com o irmão Arievaldo, da Tupynanquim Editora, Klévisson nasceu em Quixeramobim (CE).
Além dos novos cordelistas do Nordeste, Klévisson mantém no catálogo das suas edições os clássicos da poesia popular, como Leandro Gomes de Barros, João Martins de Athayde, João Ferreira de Lima, José Pacheco, Severino Milanés, José Bernardo da Silva e José Camelo de Melo Rezende.
A Tupynanquim tem um catálogo, formado nos últimos três anos, de 120 obras de cordelistas. Faz parte desse repertório, o poeta Azulão, o primeiro no Brasil a usar microfone para vender seus cordéis e que hoje atua na feira de São Cristóvão, no Rio.
O pesquisador paraibano Assis Ângelo, autor de "A Presença dos Cordelistas e Cantadores Repentistas em São Paulo" (editora Ibrasa), diz que o gênero vive um bom momento, depois de quase agonizar nas últimas décadas.
A mostra "100 Anos de Cordel", organizada pelo jornalista alagoano Audálio Dantas no Sesc Pompéia, no início deste ano, ajudou a mexer com os ânimos dos cordelistas. "Exibiram a nossa resistência, prova de que estamos na guerra de novo", diz o poeta e xilogravurista Marcelo Soares, que mantém a Folheteria Cordel, em Timbaúba, Pernambuco. (XS)



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