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DOCUMENTÁRIO
Filme traz Tarcísio Meira além do canastrão
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
"Durante muito tempo, as pessoas consideravam o Tarcísio
Meira um canastrão, e nós sabíamos que não era isso." O depoimento do veterano diretor de TV
Daniel Filho resume a proposta
do programa "Retratos Brasileiros", no ar hoje, no Canal Brasil.
O problema é que o documentário fica só na intenção. Com roteiro e edição primários, não dá
conta de coroar o ator -que ontem completou o 70º aniversário.
O filme foi rodado em 2000, em
comemoração dos 40 anos de carreira de Tarcísio, e não vai muito
além da costura de depoimentos
de amigos com cenas de atuação.
Foca seus papéis no cinema, o
que pode ser útil para quem só conhece o ator das dezenas de telenovelas. Algumas histórias são
engraçadas, como a do longa "República dos Assassinos" (1979),
no qual seu personagem tinha um
caso com um travesti. O diretor,
Miguel Faria Jr., lembra como
Tarcísio encarou com "serenidade" a cena em que tinha de beijar
o travesti e simular um ato sexual.
Anselmo Vasconcellos, intérprete do amante, conta que estava
em início de carreira e se impressionou com o profissionalismo de
Tarcísio diante daquela situação.
"Retratos" mostra ainda outro
beijo "inesquecível" no currículo
cinematográfico de Tarcísio. É o
da cena final do filme "Beijo no
Asfalto" (1981), quando se declara
para o personagem de Ney Latorraca, dispara um tiro contra ele e
beija o morto apaixonadamente.
Os 35 minutos do documentário são injustos com a principal
marca de Tarcísio: a de galã de novelas. Quando aborda a televisão,
"Retratos" se centra principalmente em Dom Jerônimo, o marcante vilão de "A Muralha"
(2000). O documentário, e não
Tarcísio, é bom que se diga, parece se envergonhar do que realmente consagrou o ator, do que
ficou no imaginário popular. É
como se só na série da Globo, ao
fugir da "sina" de mocinho, ele tivesse provado, como diz Daniel
Filho, não ser um canastrão.
Retratos Brasileiros
Quando: hoje, às 11h30, no Canal Brasil
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