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ERUDITO
A atriz e diretora estréia hoje no Palácio das Artes, em BH, uma montagem ambientada no século 21
Bibi dirige ópera "Carmen" com jeans
CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
da Agência Folha, em Belo Horizonte
A atriz e diretora Bibi Ferreira,
77, estréia hoje no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, uma
montagem da ópera "Carmen",
de Georges Bizet (1838-1875), passada no século 21.
A diretora garante que essa será
uma "Carmen" diferente. A começar pelos figurinos e cenários,
que usam jeans e roupas modernas, com cores e formas de pintores espanhóis modernos.
Ela diz que não teme os puristas,
que podem torcer o nariz para sua
versão.
Para ela, o julgamento será dado
pela platéia e pela bilheteria do espetáculo.
Criança
A ópera não é novidade para Bibi Ferreira.
"Dos 7 aos 11 anos, participei de
todas as montagens de "Carmen"
que foram encenadas no Rio, como uma das crianças do primeiro
ato", afirmou.
Mas não há nostalgia nessa sua
direção.
De "soldadinhos de papel", como em sua infância, os atores e
cantores infantis do primeiro ato
se transformaram em pivetes.
"Nessa versão, as crianças têm
uma participação muito grande
com os soldados, que tentam tirar
a criançada suja e imunda da praça", conta.
A personagem principal será interpretada pela soprano Regina
Elena Mesquita (mezzo-soprano)
na noite de estréia que terá também Eduardo Itaborahy (tenor),
no papel de Don José, e de Stephen Bronk (barítono), no papel
de Escamillo.
Sylvia Klein, a "Serva Padrona"
do filme homônimo da diretora
Carla Camurati, revezará com Patrizia Morandini e Elizeth Gomes
como Micaela, noiva de Don José.
A regência do maestro alemão
Holger Kolodziej não será inovadora como se propõe a direção cênica de Bibi.
Ao contrário, deve seguir, segundo os atores convidados, as
orientações do próprio compositor para sua interpretação.
Uma das novidades se dará na
passagem do primeiro para o segundo ato.
A partitura se interrompe para a
apresentação de um grupo de
dança flamenca, sem acompanhamento musical.
Versões
Desde sua estréia em 1873,
"Carmen" já foi encenada cerca
de 3.000 vezes, quase sempre da
forma original, ambientada em
1820.
Na ópera de Bizet, Carmen,
operária de uma fábrica de cigarros de Sevilha, seduz o cabo Don
José.
Por ela, abandona suas obrigações de autoridade e acaba se envolvendo com criminosos.
Carmen, no entanto, se cansa de
Don José e se apaixona pelo toureiro Escamillo, o que enche o rival de ciúmes, levando à cena trágica do último ato.
Uma das versões mais ousadas
foi "Carmen Jones", adaptação cinematográfica de 1954.
Contava com atores negros e
partitura adaptada para ritmos
jazzísticos.
A versão mais moderna da ópera é a do cineasta francês Jean-Luc
Godard, que no início dos anos 80
elaborou um roteiro a partir do livro do escritor francês Prosper
Merimèe (1803-1870).
O texto serviu de base para o libreto de Henri Meillhac e Ludovic
Halévy.
No filme de Godard, Carmen
faz parte de uma quadrilha de ladrões de banco.
Na versão de Bibi Ferreira, a heroína se mistura a uma quadrilha
de traficantes de drogas, e não de
contrabandistas, como no libreto
original.
Ópera: Carmen
Direção: Bibi Ferreira
Regente: Holger Kolodziej
Com: Regina Elena Mesquita, Luciana
Bueno, Timothy Ritchie, Eduardo
Itaborahy, Patrizia Morandini, Sylvia
Klein e Stephen Bronk
Quando: 6 a 16 de novembro, às 20h
(domingos às 17h)
Onde: Palácio das Artes (av. Afonso
Pena, 1.537, centro, Belo Horizonte; tel.
0/xx/31/237-7333)
Quanto: R$ 20 a R$ 35, dependendo do
dia e do setor
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