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LITERATURA
Novo James Bond chega primeiro às livrarias
AMIR LABAKI
em Los Angeles
A nova aventura de James
Bond, "The World Is Not
Enough" ("007 - O Mundo Não É
o Bastante"), acaba de desembarcar nas livrarias americanas, ainda antes de sua estréia nos cinemas, em 19 de novembro próximo. O filme tem lançamento previsto para o Brasil em 25 de dezembro. O livro chega simultaneamente em edição da L&PM,
com tradução de Betina Becker.
O atual sucessor literário de Ian
Fleming, Raymond Benson, assina a adaptação para romance do
roteiro de Neil Purvis e Robert
Wade. Não precisa exercitar
maiores talentos para alimentar a
praga contemporânea da "novelização" de filmes.
Enquanto o ponto de partida da
série eram os originais de Benson,
ainda havia algum pudor. Depois
que a fonte secou, a franquia não
deixou passar a oportunidade de
lançar mais um produto com o
selo 007.
Benson cumpre a tarefa com
eficiência, caprichando nas descrições geográficas e explicações
históricas. Algumas repetições,
por exemplo a do seu supletivo
sobre Baku, apontam para alguma pressa na empreitada.
Mesmo sendo assumida literatura de entretenimento, seus romances são contudo muito menos esquemáticos. "Novelizações" situam-se alguns degraus
abaixo.
As aventuras de Bond criadas
por Benson, como o recente
"High Time to Kill", ainda inéditas em português, têm por modelo os elegantes e variados romances de Fleming.
Já os roteiros recentes, e suas
consequentes versões em livro,
inspiram-se explicitamente nas
turbinadas missões turísticas do
007 de Roger Moore ("O Espião
Que Me Amava", "Somente Para
Seus Olhos").
"O Mundo Não É o Bastante"
repete a fórmula, mas reserva-nos
algumas piruetas dramáticas. É a
trama com mais reviravoltas recentes e maior diversidade de locações.
007 acaba enfrentando não um,
mas dois supervilões. O primeiro
deles é Renard, um terrorista
mercenário ligado à máfia russa.
Renard tem dimensões trágicas:
carregando no cérebro uma bala,
não sente dor e sabe ter os dias
contados.
Seu maior aliado revela-se apenas no terço final da trama. O plano é dominar o mundo a partir do
controle do comércio de petróleo.
Um passo atrás na história do capitalismo, se lembrarmos da fixação nos conglomerados de mídia
do filme anterior, "007 - O Amanhã Nunca Morre".
Para compensar a duplicação
de adversários, Bond dobra também os interesses amorosos. A
principal amante é Elektra, a jovem e determinada herdeira de
um magnata britânico do petróleo. Camile Paglia poderia escrever páginas memoráveis sobre
ela.
As atenções de 007 são ainda
disputadas pela dra. Christmas
Jones, especialista em energia nuclear. Christmas retoma a ambiguidade sexual de Octopussy.
Mas, resistir a Bond, quem a de?
No filme dirigido por Michael
Apted ("Na Montanha dos Gorilas"), Pierce Brosnan pela terceira
vez é Bond e Robert Carlyle ("Ou
Tudo ou Nada") faz Renard. Sophie Marceau promete uma inesquecível Elektra, enquanto Denise Richards defende o papel da
dra. Christmas.
A M da neo-oscarizada Judy
Dench ("Elizabeth") amplia significativamente sua participação. Já
o Q de Desmond Llewellyn ganha
mesmo um ajudante, vivido pelo
ex-Monty Python John Cleese,
mas sua aposentadoria não parece definida. O último elo com o
Bond clássico, assim, se mantém.
Menos mal.
Avaliação:
Livro: The World Is Not Enough
Autor: Raymond Benson, a partir do
roteiro de Neil Purvis e Robert Wade
Editora: Berkley Boulevard Books
Quanto: US$ 6.99 (247 págs.)
Onde: www.amazon.com
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