São Paulo, sábado, 06 de novembro de 2010

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Labaki revê história do É Tudo Verdade

Diretor do festival relembra em livro principais filmes exibidos em 15 anos e discute evolução do documentário

Quando o festival surgiu, apenas dois documentários haviam estreado; em 2009, foram 48 lançamentos

ANA PAULA SOUSA
DE SÃO PAULO

Quando o É Tudo Verdade nasceu, em 1996, um dos mais importantes cineastas brasileiros, Eduardo Coutinho, era um artista à deriva.
Fazia mais de uma década que ele não tinha um longa-metragem projetado na tela grande. E com o cinema brasileiro à míngua, após o fim da Embrafilme, não eram muitas as saídas que se ofereciam ao diretor de "Cabra Marcado para Morrer", filme que a ditadura interrompeu.
Naquele ano, apenas dois documentários brasileiros haviam sido lançados. Quando o É Tudo Verdade completou 15 anos, no último mês de abril, Eduardo Coutinho não apenas havia passado a ser reconhecido como o maior documentarista brasileiro, como tinha visto seus companheiros de ofício multiplicarem-se. Em 2009, 38 documentários nacionais chegaram às telas de cinema.
É esse arco temporal que o livro "É Tudo Cinema 15 anos de "É Tudo Verdade'", que será lançado hoje em São Paulo, procura apreender.
O livro, escrito por Labaki, perpassa, ano após ano, cada uma das edições desse que é um dos principais festivais do gênero no mundo. "Procuro mostrar o "É Tudo Verdade" dentro um processo. O festival foi protagonista desse protagonismo do documentário no Brasil", diz, num flerte com a lógica do ovo e da galinha.
Teria o documentário brasileiro avançado tanto sem uma vitrine sofisticada a servir-lhe de espelho? Teria o festival crescido assim sem filmes nacionais de relevância? "O festival teve a sorte de viver o período de ouro do documentário no Brasil e no mundo", diz Labaki, que começou a arar a terra quando ela ainda estava virgem.

DE OPHÜLS A DREW
Na primeira edição do festival, em 1996, foram exibidos 29 documentários - dentre eles, apenas 16 longas-metragens. Atualmente, a média é de 80 a 85 filmes.
Naquele ano, foi feita uma homenagem especial ao diretor Santiago Alvarez, nome de proa do documentário latino-americano. Criava-se, assim, uma das principais marcas do evento: as homenagens e retrospectivas.
No decorrer destes anos, o festival trouxe ao Brasil pesos-pesados como o alemão Marcel Ophüls, o holandês Johan Van der Keuken e os norte-americanos Robert Drew e Frederick Wiseman.
Wiseman encontrou-se com Coutinho, e Drew conversou com João Moreira Salles. Drew, cabe lembrar, dirigiu "Primárias", matriz de "Entreatos", que Salles havia lançado no momento em que o americano veio ao Brasil.
"O Drew estava se sentindo um pop star. Ele nos ajudou a entender o que estava acontecendo no documentário brasileiro", diz Labaki.
É de histórias assim, mas também de listas de vencedores e reflexões sobre a evolução da linguagem documental, que se compõe "É Tudo Cinema".

É TUDO CINEMA

AUTOR Amir Labaki
EDITORA Imprensa Oficial
QUANTO R$ 50 (304 págs.)
LANÇAMENTO hoje, às 11h, na Livraria da Vila (al. Lorena, 1.731, tel. 0/xx/11/3062-1063)


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