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Labaki revê história do É Tudo Verdade
Diretor do festival relembra em livro principais filmes exibidos em 15 anos e discute evolução do documentário
Quando o festival surgiu, apenas dois documentários haviam estreado; em 2009, foram 48 lançamentos
ANA PAULA SOUSA
DE SÃO PAULO
Quando o É Tudo Verdade
nasceu, em 1996, um dos
mais importantes cineastas
brasileiros, Eduardo Coutinho, era um artista à deriva.
Fazia mais de uma década
que ele não tinha um longa-metragem projetado na tela
grande. E com o cinema brasileiro à míngua, após o fim
da Embrafilme, não eram
muitas as saídas que se ofereciam ao diretor de "Cabra
Marcado para Morrer", filme
que a ditadura interrompeu.
Naquele ano, apenas dois
documentários brasileiros
haviam sido lançados.
Quando o É Tudo Verdade
completou 15 anos, no último
mês de abril, Eduardo Coutinho não apenas havia passado a ser reconhecido como o
maior documentarista brasileiro, como tinha visto seus
companheiros de ofício multiplicarem-se.
Em 2009, 38 documentários nacionais chegaram às
telas de cinema.
É esse arco temporal que o
livro "É Tudo Cinema 15 anos
de "É Tudo Verdade'", que será lançado hoje em São Paulo, procura apreender.
O livro, escrito por Labaki,
perpassa, ano após ano, cada uma das edições desse
que é um dos principais festivais do gênero no mundo.
"Procuro mostrar o "É Tudo Verdade" dentro um processo. O festival foi protagonista desse protagonismo do
documentário no Brasil",
diz, num flerte com a lógica
do ovo e da galinha.
Teria o documentário brasileiro avançado tanto sem
uma vitrine sofisticada a servir-lhe de espelho? Teria o
festival crescido assim sem
filmes nacionais de relevância? "O festival teve a sorte de
viver o período de ouro do
documentário no Brasil e no
mundo", diz Labaki, que começou a arar a terra quando
ela ainda estava virgem.
DE OPHÜLS A DREW
Na primeira edição do festival, em 1996, foram exibidos 29 documentários - dentre eles, apenas 16 longas-metragens. Atualmente, a
média é de 80 a 85 filmes.
Naquele ano, foi feita uma
homenagem especial ao diretor Santiago Alvarez, nome
de proa do documentário latino-americano. Criava-se,
assim, uma das principais
marcas do evento: as homenagens e retrospectivas.
No decorrer destes anos, o
festival trouxe ao Brasil pesos-pesados como o alemão
Marcel Ophüls, o holandês
Johan Van der Keuken e os
norte-americanos Robert
Drew e Frederick Wiseman.
Wiseman encontrou-se
com Coutinho, e Drew conversou com João Moreira Salles. Drew, cabe lembrar, dirigiu "Primárias", matriz de
"Entreatos", que Salles havia
lançado no momento em que
o americano veio ao Brasil.
"O Drew estava se sentindo um pop star. Ele nos ajudou a entender o que estava
acontecendo no documentário brasileiro", diz Labaki.
É de histórias assim, mas
também de listas de vencedores e reflexões sobre a evolução da linguagem documental, que se compõe "É
Tudo Cinema".
É TUDO CINEMA
AUTOR Amir Labaki
EDITORA Imprensa Oficial
QUANTO R$ 50 (304 págs.)
LANÇAMENTO hoje, às 11h, na
Livraria da Vila (al. Lorena, 1.731,
tel. 0/xx/11/3062-1063)
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