São Paulo, domingo, 06 de novembro de 2011

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'Será meu ato mais importante como médico'

Drauzio Varella estreia no 'Fantástico' quadro 'Brasil sem Cigarro', que pretende ajudar espectadores a parar de fumar

Para médico, veto à propaganda de cigarros, 11 anos atrás, não inibiu influência da indústria sobre público jovem

ELISANGELA ROXO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Drauzio Varella, 68, pretende realizar o maior feito de sua carreira na medicina hoje, quando começa a ir ao ar o quadro "Brasil sem Cigarro", dentro do "Fantástico".
"Médico fica feliz quando consegue fazer um paciente parar de fumar. Na TV, tenho certeza de que vamos atingir milhões", diz Varella, que também é colunista da Folha.
Os personagens do quadro foram selecionados a partir de vídeos enviados pela internet. Ao longo de um mês, serão exibidos os desafios de quem decide deixar de fumar.
O médico explica que, entre as drogas, o cigarro é aquela que provoca a maior dependência.
"Presos largam o crack e a cocaína na cadeia, mas o cigarro, não", conta o autor do livro "Estação Carandiru".
Ele mesmo sabe o quanto pode ser difícil parar: foi fumante dos 17 aos 36 anos. "Parei num dia 15 de novembro. Todo fumante sabe o dia em que parou", ele diz.
O objetivo do médico é chamar a atenção para o problema que a OMS (Organização Mundial da Saúde) considera uma doença pediátrica.
Segundo a instituição, 90% dos fumantes no mundo começaram a fumar antes de completar 15 anos.
Varella afirma que o tabagismo é uma enfermidade negligenciada pelas autoridades de saúde. Por ignorância sobre os prejuízos do fumo mas também por desleixo.
Apesar da proibição da propaganda de cigarro, válida desde o ano 2000, ele diz que a indústria do tabaco achou recursos para continuar influenciando jovens.
Enquanto farmácias estão proibidas de expor vitaminas para não estimular o consumo desnecessário, maços de cigarro ficam à venda no caixa em padarias, por exemplo, bem próximos a chocolates e doces.
"Expor maço de cigarros para crianças é um crime", avalia o médico. Ele também condena a exibição de cenas com cigarro na televisão e no cinema.
Quanto à lógica de filmes como "Obrigado por Fumar", em que lobistas defendem o direito de qualquer indivíduo de fumar, Varella é taxativo: "É a mesma justificativa do traficante, que diz que sobe o morro para comprar droga quem quer."

NA TV
Brasil sem Cigarro Estreia do quadro no "Fantástico"
QUANDO hoje, às 20h45, na Globo


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