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RELÂMPAGOS
A folga do
soldado
JOÃO GILBERTO NOLL
No quartel me gozam.
Acendo velas num esconderijo que a rapaziada acabou
descobrindo. É para alguém
que, mesmo não sendo nada
meu, verte sobre mim sua
saliente atenção. Por puro
vício, eu sei. Encosto a chama na pele. Peso o que não
devo fazer. "Fazer?", pergunto ao vento, aqui, nesse
refúgio para onde venho nas
folgas. Lugar que me envelhece estupidamente. Qual
um ancião, queimo o excesso de coisas. Quase me jogo
na fogueira. O que fará o
Exército? Pois dessa vez, de
fato, não serei nada mais do
que o bagaço do praça que já
fui.
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