São Paulo, quinta-feira, 06 de dezembro de 2007

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Crítica

"Mau roteiro" gera filme original e apavorante

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

O mito da década, no cinema brasileiro, tem sido o "bom roteiro", também conhecido como "a boa história". Queremos dela, além de ficção, clareza e coerência mais ou menos permanentes.
Bem, daí deriva uma dramaturgia sem vida, como tem sido a nossa mais recentemente, mas onde todos os elementos (inclusive os viventes) existem para se ajustar mutuamente.
Vejamos agora uma história: secretária que precisa de dinheiro para casar rouba o patrão e sai pela estrada. Entra num desvio e dá num motel duvidoso. Instala-se ali e, enquanto toma banho, é brutalmente assassinada. Esta é a primeira meia hora, mais ou menos, de "Psicose" (TCM, 23h). Depois, o filme vira outra coisa: a investigação em torno do crime e do criminoso, a possibilidade de novos assassinatos etc.
Este "mau roteiro" permitiu a Hitchcock criar um dos mais apavorantes e também mais originais filmes jamais feitos.
O novo e o eterno nunca são uma receita.


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