São Paulo, domingo, 06 de dezembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sexo, risadas & videotape

Autora gaúcha Claudia Tajes tem livro sobre desventuras amorosas adaptado para ser 1ª comédia nacional da HBO; as filmagens começam em fevereiro

LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL

A escritora Claudia Tajes, 46, diz que sua vida não daria nenhum livro. Mas é com toques autobiográficos que ela traduz a alma feminina. "Tem uma boa dose de mim nas histórias. Tenho um complexo de rejeição que está a serviço do que escrevo. Mas minha vida é desinteressante. Tenho de misturar com a dos outros para dar liga."
Com essa fórmula, lançou em 2007 seu sexto livro, "Louca por Homem", sobre uma mulher camaleônica que pega qualidades e defeitos dos namorados. "Parece que entendo muito da alma das pessoas, mas tudo o que escrevo é empírico. Apenas observo a vida alheia."
A HBO se interessou pelo projeto, já que procurava propostas fora do eixo Rio-São Paulo após o sucesso de "Filhos do Carnaval", "Alice" e "Mandrake". "A gente fica muito viciado na linguagem carioca. Não vamos esconder o sotaque gaúcho", conta Roberto Rios, vice-presidente corporativo de produções originais da HBO.
Com o nome de "Mulher de Fases", a série, que é a primeira comédia a ser produzida aqui, começa a ser filmada em meados de janeiro de 2010. O elenco já foi definido (veja quadro nesta página).
A opção foi filmar em Porto Alegre, para "aproveitar o cenário diferente". Para Maria Ângela de Jesus, diretora de produções originais, "a preocupação foi manter o estilo". "É o que dá charme para a série. "Família Soprano" faz sentido em Nova Jersey, assim como "Sex and the City" em Nova York."
Ao todo, serão 13 episódios de 30 minutos cada um. "O tempo da comédia é diferente, mais ligeiro que o drama", diz Maria Ângela.
Quando esta temporada começa, a personagem Graça procura uma casa após se separar. "Cada episódio vai ter dois homens para Graça. Vai ficar mais evidente a mudança da personalidade dela. Por exemplo, o fumante e o místico. Ou o religioso e o açougueiro. Todos bem nada a ver, para ela poder enlouquecer", conta a autora.
Para o seriado, ela, seu irmão Duda e Pedro Furtado inventaram personagens "para criar mais tramas paralelas".
Claudia já tinha participado do roteiro de um episódio de "Mandrake". Mas, desta vez, "queriam mais sexo, mais piada. Queriam que a gente soltasse mais a mão. Gaúcho é meio travado, então levou tempo".

Frustração em livro
Tajes começou como redatora de propaganda. Mas, a partir de 1999, canalizou a energia para os contos.
Passava cada noite com uma história. Até que um enredo a seguiu por muitos dias. "Quando vi, já tinha o esqueleto de "Dez (Quase) Amores"."
Esse primeiro livro já tinha o humor irônico, "retrato do que não dá certo na vida", segundo ela. No segundo, tentou o ponto de vista masculino. "Mas a história acabava sendo a mesma."
Então voltou para o olhar feminino. "A mulher muda mais que o homem. Tenho uma amiga que até mudou de time de futebol por causa do namorado. Isso não se faz, é traição", ri.
A LP&M, que editou seis de seus livros, estima que já tenha vendido 50 mil cópias. Para o editor Ivan Pinheiro Machado, "ela sabe expor defeitos como ninguém". "Ela pode até ser cruel, mas com bom humor."
Tajes usa uma frase do cubano Pedro Gutiérrez para explicar as desventuras amorosas: "A vida pode ser inverossímil, mas a literatura não". E elucida com um fato acontecido com ela. "No primeiro livro, a última história tinha acontecido comigo. O editor disse que publicaria se eu tirasse aquilo, porque era muito irreal. Troquei por um romance com um mágico, e ele achou melhor", diz. Nem sempre a verdade vende bem.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Novo livro faz diálogo entre mulher e barata
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.