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Sexo, risadas & videotape
Autora gaúcha Claudia Tajes tem livro sobre desventuras amorosas adaptado para ser 1ª comédia nacional da HBO; as filmagens começam em fevereiro
LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL
A escritora Claudia Tajes, 46,
diz que sua vida não daria nenhum livro. Mas é com toques
autobiográficos que ela traduz
a alma feminina. "Tem uma boa
dose de mim nas histórias. Tenho um complexo de rejeição
que está a serviço do que escrevo. Mas minha vida é desinteressante. Tenho de misturar
com a dos outros para dar liga."
Com essa fórmula, lançou em
2007 seu sexto livro, "Louca
por Homem", sobre uma mulher camaleônica que pega qualidades e defeitos dos namorados. "Parece que entendo muito da alma das pessoas, mas tudo o que escrevo é empírico.
Apenas observo a vida alheia."
A HBO se interessou pelo
projeto, já que procurava propostas fora do eixo Rio-São
Paulo após o sucesso de "Filhos
do Carnaval", "Alice" e "Mandrake". "A gente fica muito viciado na linguagem carioca.
Não vamos esconder o sotaque
gaúcho", conta Roberto Rios,
vice-presidente corporativo de
produções originais da HBO.
Com o nome de "Mulher de
Fases", a série, que é a primeira
comédia a ser produzida aqui,
começa a ser filmada em meados de janeiro de 2010. O elenco já foi definido (veja quadro
nesta página).
A opção foi filmar em Porto
Alegre, para "aproveitar o cenário diferente". Para Maria Ângela de Jesus, diretora de produções originais, "a preocupação foi manter o estilo". "É o
que dá charme para a série. "Família Soprano" faz sentido em
Nova Jersey, assim como "Sex
and the City" em Nova York."
Ao todo, serão 13 episódios
de 30 minutos cada um. "O
tempo da comédia é diferente,
mais ligeiro que o drama", diz
Maria Ângela.
Quando esta temporada começa, a personagem Graça procura uma casa após se separar.
"Cada episódio vai ter dois homens para Graça. Vai ficar mais
evidente a mudança da personalidade dela. Por exemplo, o
fumante e o místico. Ou o religioso e o açougueiro. Todos
bem nada a ver, para ela poder
enlouquecer", conta a autora.
Para o seriado, ela, seu irmão
Duda e Pedro Furtado inventaram personagens "para criar
mais tramas paralelas".
Claudia já tinha participado
do roteiro de um episódio de
"Mandrake". Mas, desta vez,
"queriam mais sexo, mais piada. Queriam que a gente soltasse mais a mão. Gaúcho é meio
travado, então levou tempo".
Frustração em livro
Tajes começou como redatora de propaganda. Mas, a partir
de 1999, canalizou a energia para os contos.
Passava cada noite com uma
história. Até que um enredo a
seguiu por muitos dias. "Quando vi, já tinha o esqueleto de
"Dez (Quase) Amores"."
Esse primeiro livro já tinha o
humor irônico, "retrato do que
não dá certo na vida", segundo
ela. No segundo, tentou o ponto
de vista masculino. "Mas a história acabava sendo a mesma."
Então voltou para o olhar feminino. "A mulher muda mais
que o homem. Tenho uma amiga que até mudou de time de futebol por causa do namorado.
Isso não se faz, é traição", ri.
A LP&M, que editou seis de
seus livros, estima que já tenha
vendido 50 mil cópias. Para o
editor Ivan Pinheiro Machado,
"ela sabe expor defeitos como
ninguém". "Ela pode até ser
cruel, mas com bom humor."
Tajes usa uma frase do cubano Pedro Gutiérrez para explicar as desventuras amorosas:
"A vida pode ser inverossímil,
mas a literatura não". E elucida
com um fato acontecido com
ela. "No primeiro livro, a última
história tinha acontecido comigo. O editor disse que publicaria se eu tirasse aquilo, porque
era muito irreal. Troquei por
um romance com um mágico, e
ele achou melhor", diz. Nem
sempre a verdade vende bem.
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